domingo, 26 de fevereiro de 2012

YVY PURUÃ – O Umbigo do Mundo




Segundo a tese mais aceita, os Guarani são originários da Amazônia, de onde começaram a sair a uns 3 mil anos atrás, portanto, por volta do a no 1000 a.C.

Provavelmente desde o primeiro milênio antes de Cristo, uns 3000 ou 2.500 anos atrás, os movimentos de migração originados na bacia amazônica se intensificaram, motivados talvez por um notável aumento demográfico. Esses grupos que conhecemos como Guarani passaram a ocupar as selvas subtropicais do Alto rio Paraná, do rio Paraguai e do rio Uruguai médio. Essa área era basicamente o Paraguai. Ou melhor: o antigo Paraguai, bem maior que o país de hoje.

A caminhada da Amazônia ao Paraguai foi lenta, demorou uns 500 anos. Já que segundo Branislava Susnik e Gonzales Torres, a presença guarani em terras paraguaias foi datada em 500 a.C. aproximadamente.

Disputando e conquistando territórios, o povo passou a viver na região, transformando o Paraguai no centro do seu mundo. Ali era a sagrada YVY MBYTE (terra do centro, terra do meio, centro da terra) ou YVY PURUÃ (umbigo da terra), que ficava no atual Caagazú, fato que ainda hoje é mencionado até pelos Guarani que moram no litoral do Brasil.

O departamento de Caagazu localiza-se no sudeste do Paraguai e é curioso perceber que esta “terra do meio” fica justamente a 1/3 da distância entre Atlântico e o Pacífico, com uma mínima diferença de 50 km. Este “centro” dista cerca de 750 km do oceano Atlântico e 1.400km do oceano Pacífico.

Na mitologia, tal “centro” ou “meio da terra” em Caagazu seria também o local de origem de Ñandecy (“nossa mãe”, as vezes chamada de “nossa avó”). Um guarani contou a Cadogan: “O lugar onde originalmente viveu a nossa avó se chama o lugar das águas surgentes. Tal lugar é o centro da terra, o verdadeiro centro da terra”. Detalhe interessante: alguns estudiosos, como Meliá, supõem que ao falar de “águas surgentes” ele estejam se referindo ao Aquífero Guarani, o maior reservatório de água subterrânea do mundo, já conhecido pelos Guarani há centenas de anos.


Apesar da importância de Gaaguazu, existe um outro local com o mesmo papel. Fica mais acima, no leste, no departamento de Amambay. Trata-se do monte JASUKÁ RENDÁ, também chamado de Cerro Guazu. Esse local representa o centro do mundo para os guarani pai tavyterã. O nome desse grupo é justamente traduzido como “habitantes do centro da terra”.

O antigo território os pai tavyterã abrangia também parte do Mato Grosso do Sul. Ali ainda possuem aldeias e são conhecidos como KAIOWAS. Porém, desde a década de 1980 vem sendo vítimas do latifúndio, fazendeiros de soja que tomam suas terras e os expulsam, encurralando-os em áreas mínimias, muitas delas bem próximas a cidades. O afastamento de seu lugar tradicional e sagrado provocou, no fim dos anos 1980 e início dos 1990, uma tragédia entre os guarani kaiowas: um elevado número de suicídios. Hoje essas mortes diminuíram mas seus efeitos ainda permanecem.

No Paraguai, a cultura dos pai tavyterã parece concentrar-se, de alguma maneira, ao redor e a partir de montanhas e cerros. Dizem eles que seu mundo era delimitado por 11 cerros, os quais constituíam os marcos de um território chamado YVY MBYTE ou YVYPYTE que, como já vimos, significa “terra do meio” ou “centro da terra”. É interessante constatar que no departamento de Amambay, a uns 60 km da cidade de Capitán Bado, ainda existe um ponto chamado Yvypyte, que é ocupado por uma aldeia guarani. Também é interessante o fato de que o local onde constituiu-se Capitán Bado, bem perto do “centro da terra”, era chamado pelos guaranis de NHU VERÁ. Esta expressão quer dizer “campo brilhante”, “campo resplandecente”.


No campo de Nhu Verá existia uma enorme quantidade de pés de erva mate nativo, que – segundo os guarani – tinha sido plantado por Tupã. O mate (kaá) é uma das plantas sagradas dos Guarani, consumida até hoje em homenagem ao nascer do sol. E, no mito, ela tem ligação com Sumé, o personagem lendário que poderia ter construído o Caminho do Peabiru (que vai da costa atlântica de Santa Catarina) à costa pacífica do Peru e Chile.

No Jasuká Rendá encontramos, também, numerosas inscrições rupestres, ainda pouquíssimo estudadas. Por isso o monte é considerado pelos Guarani como a mais importante dos 11 cerros. Seu nome que dizer “Lugar de Jasuká”, que é uma divindade feminina, muitas vezes apresentada como esposa de Kuarahy, o Sol. Percebe-se, ai, a repetição dos laços de uma mulher sagrada com o “centro da terra”. Para alguns grupos guarani, trata-se de Ñandecy, para outros é Jasuká. Mas isso tem uma explicação: Jasuká seria um símbolo feminino, diz Cândida Graciela Chamorro Arguello no artigo “O rito de nominação numa aldeia mbyá-guarani do Paraná”, publicado na revista Diáloigos, da Universidade Estadual de Maringá – PR. “Jasuká é o nome sagrado das mulheres e do bastão de ritmo por elas usado nas cerimônias religiosas. É também o nome de uma divindade feminina, a Grande Avó do universo, de cujos seios teria se nutrido o criador do mundo”.

Existe, no entanto, mais um entendimento acerca de Jasuká, que conduz a uma relação com o Peabiru. Pois além de nome próprio de uma deusa, a palavra jasuká também pode ser um substantivo comum, porém com conotação religiosa, afirmam alguns estudiosos. Seria sinônimo de “grande névoa primigênia”, “neblina que é origem da vida”, segundo o etnógrafo paraguaio José Pertasso. Graciela Chamorro afirma algo igual em seu artigo: “A origem de Jaxuká remonta à origem de uma das substâncias elementares da natureza: a água. Por isso ela é representada pelo orvalho, pela fumaça, pela neblina, pela chuva e pela árvore sagrada, o cedro, que fala e destila sua água para saúde e reparo das pessoas. Por isso, na cerimônia de nominação dos Mbyá (quando as divindades dão nomes às crianças), a água e a fumaça são os símbolos mais importantes”.


Essa fumaça ou neblina estaria localizada numa terra sagrada, “terra do fluído indestrutível de Jasuká”, que fica no zênite, diz Perasso. O zênite, para os Guarani, é o “meio do céu”, o “centro do céu”, onde o Sol alcança o meio de sua caminhada diária. Como o Peabiru, para esse povo, parece ter possuído a finalidade de reproduzir na terra o caminho do Sol, leste-oeste, se poderia fazer uma “leitura” geográfica disso: o começo do caminho solar e do Peabiru seria o nascente (Atlântico); o meio seria o Paraguai (Caagazu e Jasuká rendá), o “centro da terra” e o “zênite”. O fim seria o poente (Pacífico).


Sem o sol, nada poderia viver ou crescer; ele rege ou cuida da terra, percorrendo com tal objetivo a sua trajetória cotidiana. Neste percurso, ele se detém um pouco em três pontos principais: no oriente, no zênite e no ocidente, a fim de ver tudo com exatidão. Esses pontos percorridos pelo Sol (e onde dá uma “paradinha” para ver tudo com exatidão) também forma percorridos pelos Guarani, que nos três também fizeram ou tentaram fazer suas “paradas”, com aldeias, ocupações fixas ou temporárias, etc. Seria coincidência ou os Guarani estavam querendo acompanhar o Sol?

Texto de Rosana Bond

POVOS INDÍGENAS DO BRASIL


Após 500 anos do descobrimento do Brasil, ainda existe 215 nações e 170 línguas indígenas diferentes. Muitas delas preservam a riqueza de sua cultura e arte.

AIMORÉ
Grupo não-tupi, também chamado de botocudo, vivia do sul da Bahia ao norte do Espírito Santo. Grande corredores e guerreiros temíveis, foram os responsáveis pelo fracasso das capitanias de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo. Só foram vencidos no início do século 20. Eram apenas 30 mil

APALAI
Nomes alternativos: Aparai, Apalay
Classificação lingüística: Carib
População: 450 (1993 SIL)
Local: Pará, principalmente no Rio Paru Leste, com remanescentes nos rios Jari e Citare. 20 aldeias

APINAYÉ
Nomes alternativos: Apinajé, Apinagé
Classificação lingüística: Macro-Gê
População: 800 (1994 SIL)
Local: Tocantins, perto de Tocantinópolis, 6 aldeias

APURINÃ
Nomes alternativos: Ipurinãn, Kangite, Popengare
Classificação lingüística: Arawak
População: 2,000 (1994 SIL)
Local: Amazonas, Acre; espalhados sobre 1600 kilômetros do Rio Purus, de Rio Branco até Manaus

ARARA DO PARÁ
Nomes alternativos: Ajujure
Classificação lingüística: Caribe
População: 110 (1994 SIL)
Local: Pará em 2 aldeias

ASURINI DO TOCANTINS
Nomes alternativos: Assuriní, Akwaya
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 191 (1995 AMTB)
Local: Trocará on the Tocantins River, Pará

ASURINI DO XINGU
Nomes alternativos: Awaté
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kayabi-Arawete (V)
População: 63 (1994 ALEM)
Local: Pelo menos uma aldeia de tamanho razoável fica no Rio Piçava cerca do Rio Xingu, perto de Altamira, Pará

ATROARI
Nomes alternativos: Atruahí, Atroaí, Atrowari, Atroahy, Ki'nya
Classificação lingüística: Caribe
População: 350 (1995 SIL)
Local: Nos rios Alalau e Camanau na fronteira entre o estado de Amazonas e o território de Roraima. Também nos rios Jatapu e Jauaperi

AVÁ-CANOEIRO
Povo de língua da família Tupi-Guarani que vivia entre os rios Formoso e Javarés, em Goiás. Em 1973, um grupo foi contatado. Foram pegos "a laço" por uma equipe chefiada por Apoena Meireles, e transferidos para o Parque Indígena do Araguaia (Iha do Bananal) e colocados ao lado de seus maiores inimigos históricos, os Javaé . Parte da área indígena Avá-Canoeiro, identificada em 1994 com 38.000 ha, nos municípios de Minaçu e Cavalcante em Goiás, está sendo alagada pela hidrelétrica Serra da Mesa, no rio Maranhão.

BANAWÁ
Nomes alternativos: Kitiya, Banavá, Banauá, Jafí
Auto-denominação: Kitiya
Classificação lingüística: Arawak
População: 80
Local: Amazonas, rio acima bem distante dos Jamamadi. A metade mora no Rio Banawá, outros em riachos pequenos e em locais espalhados. 1 aldeia e 2 colonias de famílias extensas

BORORO
Classificação lingüística: Macro-Gê, Bororo
População: 1000+
Local: Mato Grosso central, 7 aldeias
Povo falante de língua do tronco macro-jê. Os Bororo atuais são os Bororo Orientais, também chamados Coroados ou Porrudos e autodenominados Boe. Os Bororo Ocidentais, extintos no fim do século passado, viviam na margem leste do rio Paraguai, onde, no início do séc. XVII, os jesuítas espanhois fundaram várias aldeias de missões. Muito amigáveis, serviam de guia aos brancos, trabalhavam nas fazendas da região e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram como povo tanto pelas moléstias contraídas quanto pelos casamentos com não-índios.

CAETÉ
Os deglutidores do bispo Sardinha viviam desde a ilha de Itamaracá até as margens do Rio São Francisco. Depois de comerem o bispo, foram considerados "inimigos da civilização". Em 1562, Men de Sá determinou que fossem "escravizados todos, sem exceção". Assim se fez. Seriam 75 mil

CAIAPÓS
Explorando a riqueza existente nos 3,3 milhões de hectares de sua reserva no sul do Pará - especialmente o mogno e o ouro -, os caiapós viraram os índios mais ricos do Brasil. Movimentam cerca de U$$15 milhões por ano, derrubando, em média, 20 árvores de mogno por dia e extraindo 6 mil litros anuais de óleo de castanha. Quem iniciou a expansão capitalista dos caiapós foi o controvertido cacique Tutu Pompo (morto em 1994). Para isso destitui o lendário Raoni e enfrentou a oposição de outro caiapó, Paulinho Paiakan. Ganhador do Prêmio Global 500 da ONU, espécie de Oscar ecológico, admirado pelo príncipe Charles e por Jimmy Carter, Paiakan foi acusado do estupro de uma jovem estudante branca, em junho de 1992. A absolvição, em novembro de 94, não parece tê-lo livrado do peso da suspeita. Paiakan - mitificado na Europa, criminoso no Brasil - é uma contradição viva e um símbolo da relação entre brancos e índios.

CAIUÁ
Nomes alternativos: Kaiwá, Kaajova, Kaiova, Kaiowá
Auto-denominação: Te'yi
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo I
População: 27.000
Local: Mato Grosso do Sul

CANELA
Nomes alternativos: Kanela
Classificação lingüística: Macro-Gê,
Gê-Kaingang, Gê, Noroeste, Timbira
População: 1,420 (1995 SIL), inclusive 950 Ramkokamekra, 470 Apanjekra
Local: Maranhão, sudeste do Pará

CARIJÓ
Seu território ia de Cananéia (SP) até a Lagoa dos Patos (RS). Vistos como "o melhor gentio da costa", foram receptivos à catequese. Isso não impediu sua escravização em massa por parte dos colonos de São Vicente. Em 1554, participaram do ataque a São Paulo. Eram cerca de 100 mil

CINTA LARGA
Classificação lingüística: Tupi, Monde
População: 1,000 (1995 SIL)
Local: Oeste de Mato Grosso

DENI
Nomes alternativos: Dani
Classificação lingüística: Arawak
População: 600 (1986 SIL)
Local: Amazonas

FULNIÔ
Nomes alternativos: Furniô, Fornió, Carnijó, Iatê, Yatê
Classificação lingüística: Macro-Gê, Fulnio
População: 2,788 (1995 SIL)
Local: Pernambuco

GUAJAJARA
Nomes alternativos: Guazazara, Tenetehar, Tenetehára
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 13.000 - 14.000
Local: Maranhão, 81 aldeias

GOITACÁ
Ocupavam a foz do Rio Paraíba. Tidos como os índios mais selvagens e cruéis do Brasil, encheram os portugueses de terror. Grandes canibais e intrépidos pescadores de tubarão. Eram cerca de 12 mil.

GUARANI MBYÁ
Nomes alternativos: Mbyá, Guaraní
Auto-denominação: Guarani
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo I
População: 15.000 no Brasil, no Paraguai e na Argentina
Local: Sudoeste do Paraná, Sudeste de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais. 35 aldeias. Também na Argentina

HIXKARYANA
Nomes alternativos: Hixkariana, Hishkaryana, Parukoto-Charuma, Parucutu, Chawiyana, Kumiyana, Sokaka, Wabui, Faruaru, Sherewyana, Xerewyana, Xereu, Hichkaryana
Classificação lingüística: Caribe
População: 804 (censo de Maio, 2001)
Local: Amazonas, Rio Nhamundá acima até os rios Mapuera e Jatapú

HUPDA
Nomes alternativos: Hupdé, Hupdá Makú, Jupdá Macú, Makú-Hupdá, Macú De Tucano, Ubdé
Classificação lingüística: Maku (Puinave, Macro-Tucano)
População: 1,208 no Brasil (1995 SIL); 150 na Colômbia (1991 SIL); 1,350 nos dois países
Local: Rio Auari, noroeste de Amazonas

IANOMÂMI ou YANOMÁMI WAICÁ CENTRAL
Nomes alternativos: Yanomámi, Waicá, Waiká, Yanoam, Yanomam,
anomamé, Surara, Xurima, Parahuri
Classificação lingüística: Yanomam
População: 4.500
Local: Posto Waicá, Rio Uraricuera, Roraima, Posto Toototobi, Amazonas, Rio Catrimani, Roraima
Povo constituído por diversos grupos cujas línguas pertencem à mesma família, não classificada em troncos. Denominada anteriormente Xiriâna, Xirianá e Waiká, a família Yanomami abrange as línguas Yanomami, falada na maior extensão territorial, Yanomám ou Yanomá, Sanumá e Ninam ou Yanam, as quatro com vários dialetos. Os Yanomami vivem no oeste de Roraima, no norte do Amazonas e na Venezuela, num total de 20 mil índios.

IKPENG
Nomes alternativos: Txikão, Txikân, Chicao, Tunuli, Tonore
Classificação lingüística: Carib
População: 240
Local: Parque Xingu, Mato Grosso

JAMAMADI
Nomes alternativos: Yamamadí, Kanamanti, Canamanti
Classificação lingüística: Arawak
População: 250
Local: Amazonas, espalhados sobre 512.000 km2

JARAWARA
Nomes alternativos: Jaruára, Yarawara
Classificação lingüística: Arawá
População: 160
Data do início do trabalho da SIL: 1987
Local: Seis aldeias dentro da area indígena Jamamadi-Jarawara, no município de Lábrea, Amazonas. A reserva fica perto do rio Purus, acima de Lábrea e no lado oposto do rio.

JUMA
Nomes alternativos: Yumá, Katauixi, Arara, Kagwahiva, Kagwahibm, Kagwahiv, Kawahip, Kavahiva, Kawaib, Kagwahiph
Auto-denominação: Kagwahiva
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kawahib (VI)
População: Havia 300 em 1940
Local: Amazonas, Rio Açuã, tributário do Mucuim

JURUNA
Povo indígena cuja língua é a única representante viva da família Juruna, do tronco Tupi. Autodenominam-se Yudjá; o nome Juruna significa, em Tupi-Guarani, “bocas pretas”, porque a tatuagem características desses índios era uma linha que descia da raiz dos cabelos e circundava a boca. Na metade do século XIX tinham uma população estimada em 2.000 índios, que viviam no baixo rio Xingu. Um grupo migrou mais para o alto do rio, hoje em território compreendido pelo Parque do Xingu (MT). Segundo levantamento de médicos da Escola Paulista de Medicina, que prestam serviços de saúde aos índios do parque, em 1990 eram 132 pessoas. Alguns Juruna vivem dispersos na margem direita do médio e baixo rio Xingu, e há um grupo de 22 índios, segundo dados da Funai de 1990, que vive na Volta Grande do rio Xingu, numa pequena área indígena chamada Paquiçaba, no município de Senador José Porfírio, no sudeste do Pará. Suas terras serão atingidas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

KAAPOR
Nomes alternativos: Urubu-Kaapor
Auto-denominação: Ka'apor
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Oyampi (VIII)
População: 800
Local: Maranhão, 10 aldeias espalhadas sobre 7168 km2. Há quatro aldeias grandes, Zê Gurupi, Ximbo Renda, Gurupi-una e Água Preta.
Os primeiros encontros de paz dos Kaapor com os brasileiros ocorreram em 1928 em Canindé no rio Gurupi. Em 1928 era conhecido como Posto Indígena Pedro Dantas. Naquela época, o Posto se encontrava na ilha na frente do local atual de Canindé, do lado do Pará. Veja as três perspectivas sobre estes encontros neste website do Kaapor. Com a chegada de civilização os Kaapor se retiraram para a selva até que a reserva presente foi demarcada. A população estava estável com cerca de quinhentas pessoas por muitos anos. Houve um censo feito pelo chefe do Posto Canindé em 1968 e a população foi enumerada em um pouco mais de quinhentas pessoas. Naquela época, o chefe do posto foi a quase todas as aldeias e fez um censo. Mais um censo foi feito pelo chefe do Posto Turiaçu no final dos anos 70. Mais uma vez, foram enumerados em pouco mais de quinhentas pessoas. Desde então a distribuição de medicamentos por vários grupos ajudou a combater a mortalidade infantil, e também ajudou aos adultos a sobreviverem epidemias de gripe forte. Atualmente (2002) os Kaapor estão enumerados em cerca de oitocentas pessoas.
Uma característica interessante da língua Kaapor foi o desenvolvimento de uma língua de sinais entre eles. Existem vários surdos-mudos entre eles que são capazes de se comunicar com outros que não são surdos-mudos. O povo desenvolveu uma língua de sinais entre si (sistema de comunicação intra-tribal). Um surdo-mudo visitando uma aldeia distante tem capacidade de se comunicar com um membro de outra aldeia sem problema. (Um trabalho sobre a língua de sinais Kaapor será publicado neste web site no futuro.)
Uma outra característica interessante é sua elaborada cerimônia de nomeação, com muitos enfeites de pena. No dia de nomear o(s) filho(s), esperam o nascimento do sol, e enfrentando o sol nascente o padrinho escolhido dançará com uma criança em seus braços, tocando um apito feito do osso do pé do gavião-real. Diversas crianças podem ser nomeadas durante esta cerimônia. O padrinho e o pai da criança têm ornamentos feitos de penas tais como um capacete feita das penas da cauda do pássaro japu, uma peça nos lábios decorada com a pena da cauda da arara como base, brincos, pulseiras, e às vezes faixas no braço também. Esta cerimônia está precedida por uma noite de bebedeira onde consomem quantidades grandes de cerveja feita de beiju (purê de mandioca tostada em bolinhos redondos) de banana ou de caju. A língua Kaapor tem 14 consoantes e 6 vogais que são orais e podem ser nasais.

KADIWÉU
Nomes alternativos: Mbaya-Guaikuru, Caduvéo, Ediu-Adig
Classificação lingüística: Mataco-Guaicuru
População: 2 mil
Local: Mato Grosso do Sul, cerca da Serra da Bodoquena. 3 aldeias

KAIAPÓ
Ou Kayapó, ou Caiapó. Povo de língua da família Jê. Distribuem-se por 14 grupos, num vasto território que se estende do SE do Pará ao N do Mato Grosso, na região do rio Xingu. Os grupos são: Gorotire, Xikrin do Cateté, Xikrin do Bacajá, A’Ukre, Kararaô, Kikretum, Metuktire (Txucarramãe), Kokraimoro, Kubenkrankén e Mekragnoti. Há indicações de pelo menos três outros grupos ainda sem contato com a sociedade nacional.

KAINGANG
Nomes alternativos: Coroado, Coroados, Caingang, Bugre
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê-Kaingang, Kaingang do norte
População: 18,000 (1989 U. Wiesemann SIL)
Local: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul; 21 locais

KAINGANG
Ou Caingangue. Povo de língua da família Jê. Também conhecidos como Coroados, vivem em 26 pequenas áreas indígenas no interior dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São aproximadamente 7.000 índios.

KAMAYURÁ
Nomes alternativos: Kamaiurá, Camaiura, Kamayirá
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kamayura (VII)
População: 279 (1995 AMTB)
Local: Parque Xingu, Mato Grosso

KARAJÁ
Nomes alternativos: Xambioá, Chamboa, Ynã
Classificação lingüística: Macro-Gê, Karaja
População: 1,700 (1995 SIL)
Local: Goiás, Pará, Mato Grosso, Rio Araguaia, Ilha Bananal, e Tocantins

KARIPUNA DO AMAPÁ
Nomes alternativos: Karipúna, Karipúna do Uaçá, Patuwa
Classificação lingüística: Crioulo (francês)
População: 672 (1995 SIL)
Local: Amapá, na fronteira da Guiana Francesa

KARITIANA
Nomes alternativos: Caritiana
Classificação lingüística: Tupi, Arikem
População: 150 (1995 SIL)
Local: Rondônia

KAXARARI
Nomes alternativos: Kaxariri
Classificação lingüística: Pano
População: 220 (1995 AMTB)
Local: Alto Rio Marmelo, tributário do Rio Abuna, Acre, Rondônia, Amazonas

KAYABI
Nomes alternativos: Kajabí, Caiabi, Parua, Maquiri
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kayabi-Arawete (V)
População: 800 (1994 SIL)
Local: Norte de Mato Grosso, Parque Xingu, e sul do Pará; Rio Teles Pires e Tatui, muitas aldeias

KAYAPÓ
Nomes alternativos: Xikrin, Txhukahamai
Auto-denominação: Mebêngôkre
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê, Kayapó
População: 5.000
Local: Parque Xingu, Mato Grosso, sul do Pará. 9 aldeias
Antigamente os Kayapó eram considerados uma tribo muito belicosa e agressiva morando no sul do Pará e norte de Mato Grosso, vagueando por um território vasto desde a margem leste do Xingu até o Tapajós. A parte oriental da tribo foi pacificada por volta de 1940, e a parte ocidental na década de 50, pelos irmãos Villas Boas. Eles guerreavam com tribos vizinhas como Karajá, Juruna, Xavante, Tapirapé, Kreen-Akorore e outras, como também ribeirinhos, seringueiros e outros no local. Eles matavam, tocavam fogo nas aldeias e vilarejos, roubavam e sequestravam. Alguns dos cativos ainda hoje estão vivos, integrados na sociedade Kayapó, casados com filhos e netos. Além de guerrear com não-Kayapó, eles também praticavam guerra interna, com aldeias diferentes atacando e se matando umas as outras. Hoje em dia não tem mais guerra interna, nem guerra contra outras tribos, porém eles insistem em sua natureza belicosa, pois atacam aqueles que invadem suas terras.
Alguns aspectos distintivos da cultura Kayapó são os bodoques que os homens costumavam usar e ainda são usados por alguns, embora a nova geração não continue a praticar. Outro aspecto é a pintura corporal, uma coisa muito bonita, feita com linhas geométricas e intricadas. Crianças e adultos de ambos os sexos costumam usar. As primorosas festas constituem outro aspecto muito interessante. Estas festas chegam ao clímax, depois de um período de meses, durante o qual cada ritual se adere minuciosamente com suas canções, danças e cerimônias especiais próprias para aquela festa. A língua tem 17 vogais e 16 consoantes, e padrão distinto de entoação e vogal prolongada para dar ênfase.

KRAHÔ
Classificação lingüística: Macro-Gê População: 1,200 (1988 SIL)
Local: Maranhão, sudeste do Pará, Tocantins, 5 aldeias

KUIKURO
Nomes alternativos: Kuikuru, Guicurú, Kurkuro, Cuicutl, Kalapalo, Apalakiri, Apalaquiri
Classificação lingüística: Carib
População: 526, inclusive 277 Kuikuro e 249 Kalapalo (1995 AMTB)
Local: Parque Xingu, Mato Grosso

KURÂ-BAKAIRI
Nomes alternativos: Bakairí, Bacairí, Kura
Classificação lingüística: Caribe
População: 800 – 900
Local: Mato Grosso em 9 ou 10 aldeias

MAMAINDÉ
Nomes Alternativos: Nambikuára do Norte
Auto-Denominação: Mamaindé
Classificação lingüística: Nambikuára, Nambikuára do Norte, Mamaindé
População: 170+
Local: Mato Grosso, na divisa de Rondônia

MAXAKALI
Nomes alternativos: Caposho, Cumanasho, Macuni, Monaxo, Monocho
Classificação lingüística: Macro-Gê, Maxakali
População: 728 (1994 SIL)
Local: Minas Gerais, 160 km interior do litoral, 14 aldeias

MUNDURUKU
Nomes alternativos: Mundurucu, Weidyenye, Paiquize, Pari, Caras-Pretas
Classificação lingüística: Tupi
População: 7.000 ou mais
Local: Pará, Amazonas. 22 aldeias
Os Munduruku vivem em 32 aldeias, em três áreas no Pará e Amazonas. Eles vivem da caça, pesca, coleta e agricultura. O grau de bilingüismo dos Munduruku não é muito alto, sendo o dos homens maior do que o das mulheres e crianças.

NADËB
Nomes Alternativos: Makú-Nadëb, Makú
Auto-Denominação: Nadëb
Classificação lingüística: Makú, Nadëb
População: 300
Local: 2 aldeias: Rio Uneiuxi e Rio Japurá, Amazonas

NAMBIKUARA
Nomes Alternativos: Nambikuara do Sul, Nambikwara, Nambiquara
Classificação lingüística: Nambikuara, Nambikuara do Sul, Nambikuara
População: 900
Local: Noroeste de Mato Grosso, espalhados na rodovia Porto Velho-Cuiabá por cerca de 300 km. 10 aldeias

PALIKUR
Classificação lingüística: Aruák, Aruák do Norte, Palikur
População: 1600 no Brasil e na Guiana Francesa
Local: Nos litorais do Norte às margens dos rios, Amapá

PARAKANÃ
Nomes alternativos: Parakanân, Parocana
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 451 (1995 AMTB)
Local: Pará, Parque Xingu, parte inferior do Rio Xingu

PARESI
Nomes alternativos: Parecis, Paressí, Haliti
Auto-denominação: Haliti
Classificação lingüística: Arawak
População: 1,200 (1994 SIL)
Local: Mato Grosso, 6,000 km2. 15 a 20 aldeias

PAUMARI
Nomes alternativos: Paumarí, Palmari
Auto-denominação: Pamoari
Classificação lingüística: Arawá
População: 700
Local: Amazonas. 4 aldeias

PATAXÓ
Povo de língua da família Maxacali, do tronco Macro-Jê. Abandonou sua língua original e expressa-se apenas em português. Vive no sul da Bahia, em Barra Velha, Coroa Vermelha e Monte Pascoal, em zona economicamente valorizada (cacau e turismo), nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália e nas áreas indígenas Mata Medonha e Imbiriba. Em 1990, eram aproximadamente 1.600 índios.

PIRAHÃ
Nomes alternativos: Múra-Pirahã
Classificação lingüística: Mura
População: Cerca de 300
Local: Amazonas, nos rios Maici e Autaces

POTIGUAR
Senhoreavam a costa desde São Luís até as margens do Parnaíba, e das margens do Rio Acaraú, no Ceará, até a cidade de João Pessoa, na Paraíba. Exímios canoeiros, inimigos dos portugueses, seriam uns 90 mil

RIKBAKTSA
Nomes alternativos: Aripaktsa, Erikbatsa, Erikpatsa, Canoeiro
Classificação lingüística: Macro-Gê
População: 970
Local: Mato Grosso, confluência dos rios Sangue e Juruena, Japuira na beira do leste do Juruena entre os rios Arinos e Sangue, e Posto Escondido na beira do oeste do Juruena 700 kilómetros ao norte. 9 aldeias e 14 colônias.

SATERÉ-MAWÉ
Nomes alternativos: Maue, Mabue, Maragua, Sataré, Andira, Arapium
Classificação lingüística: Tupi, Mawe-Satere
População: 9,000 (1994 SIL)
Local: Pará, Andirá e outros rios. Talvéz também em Amazonas. Mais de 14 aldeias

SURUÍ DO PARÁ
Nomes alternativos: Akewere, Akewara, "Mudjetíre", "Mudjetíre-Suruí", Suruí
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)
População: 140 (1995 A. Graham SIL)
ocal: Pará, 110 km. de Marabá, no município de São João do Araguaia

SURUI DE RONDÔNIA
Nomes alternativos: Suruí
Auto-denominação: Paíter, Paiter
Classificação lingüística: Tupi, Mondé, Suruí
População: 900
Local: Rondônia, na fronteira entre Rondônia e Mato Grosso

SUYÁ
Classificação lingüística: Macro-Gê
População: 196, inclusive 31 Tapayuna (1995 AMTB)
Local: Parque Xingu, Mato Grosso, fonte do Rio Culuen.

TENHARIM
Nomes alternativos: Tenharem, Tenharin
Auto-denominação: Kagwahiva
Classificação lingüística: Tupi
População: 465
Local: Amazonas. Os Diahói moram no rio Marmelos, os Karipuna no Posto Rio Jaci Paraná em Rondônia, os Morerebi no Rio Preto e Marmelos. 2 aldeias

TERENA
Nomes alternativos: Terêna, Tereno, Etelena
Classificação lingüística: Arawak
População: 20.000
Local: Mato Grosso do Sul, em 20 aldeias e 2 cidades
O povo Terena mora principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, ocupando áreas entre Campo Grande, ao leste, e o Rio Miranda, ao oeste. Residem em mais ou menos vinte aldeias, havendo as maiores concentrações nas seguintes áreas:
1. Cachoeirinha/Moreira, na vizinhança de Miranda
2. Taunay-Bananal, entre Miranda e Aquidauana que fica uma hora de ônibus das duas cidades
3. Limão Verde, na área de Aquidauana
4. Buriti e outras aldeias perto, na vizinhança de Campo Grande População: aproximadamente 20,000. A SIL começou a trabalhar entre os terena em 1957. Naquela época, pensava-se que este grupo já tivesse sido bastante assimilado na sociedade brasileira. A sua antiga estrutura política tribal já não funcionava mais, e a maioria dos seus costumes e crenças tradicionais não estavam sendo praticados mais. Em ocasiões especiais como no Dia do Índio, 19 de abril, ainda fazem a Dança da Ema com as suas sete peças. Na região é conhecida como a dança do Bate-Pau. Embora os terenas sejam um povo basicamente agricultor, mudanças significantes têm ocorrido durante os últimos cinqüenta anos. Com maior ênfase agora em adquirir uma boa educação escolar, há maior diversidade hoje em dia na maneira que ganham a vida.

TREMEMBÉ
Grupo não-tupi, que vivia do sul do Maranhão ao norte do Ceará, entre os dois territórios potiguares. Grande nadadores e mergulhadores, foram, alternadamente, inimigos e aliados dos portugueses. Eram cerca de 20 mil

TABAJARA
Viviam entre a foz do Rio Paraíba e a ilha de Itamaracá. Aliaram-se aos portugueses. Deviam ser uns 40 mil

TEMIMINÓ
Ocupavam a ilha do Governador, na baía de Guanabara, e o sul do Espírito Santo. Inimigos dos tamoios, aliaram-se aos portugueses. Sob liderança de Araribóia, foram decisivos na conquista do Rio. Eram 8 mil na ilha e 10 mil no Espírito Santo.

TAMOIO
Os verdadeiros senhores da baía de Guanabara, aliados dos franceses e liderados pelos caciques Cunhambebe e Aimberê, lutaram até o último homem. Eram 70 mil.

TUPINAMBÁ
Constituíam o povo tupi por excelência. As demais tribos tupis eram, de certa forma, suas descendentes, embora o que de fato as unisse fosse a teia de uma inimizade crônica. Os tupinambás propriamente ditos ocupavam da margem direita do rio São Francisco até o Recôncavo Baiano. Seriam mais de 100 mil.

TUPINIQUIM
Foram os índios vistos por Cabral. Viviam no sul da Bahia e em São Paulo, entre Santos e Bertioga. Eram 85 mil.

WAI-WAI
Ou Waiwai, Uaiai. Povo de língua da família Karíb. Vivem na área indígena Nhamundá-Mapuera, na fronteira do Pará com o Amazonas, e Waiwai, em Roraima. A população é constituída por uma mistura de várias tribos atraídas e assimiladas por eles ao longo dos anos, entre as quais as dos Karafawyana, dos Kaxuyana e dos Hixkariana. Em 1990, segundo a Funai, somavam cerca de 1.250 índios.

WAIÃPI
Nomes alternativos: Wayampi, Wayãpi, Oyampi, Oiampi, Oyampik, Guayapi
Auto-denominação: Waiãpi
Classificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo 8, Wayampi
População: 1000+
Local: Várias aldeias nos tributários do rio Amapari na parte leste do Amapá e nos rios Oiapoque e Camopi na Guiana Francesa; há também uns poucos falantes no rio Paru Leste, na parte nordeste do Pará, Brazil

WAURÁ
Nomes alternativos: Uaura, Aura
Classificação lingüística: Arawak
População: 300
Local: Parque Xingu, Mato Grosso

XAVANTE
Nomes Alternativos: Xavánte, Shavante, Chavante
Auto-Denominação: A’uw?
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê,
Agrupamento Akwén, Xavante
População: 10.000+
Local: Na parte leste do Mato Grosso, 60 aldeias

Os Xavante são um povo forte e orgulhoso, tendo a reputação de serem muito agressivos e guerreiros. A primeira tentativa de pacificar os Xavante ocorreu no século 19, quando o governador da província de Goiás arrebanhou muitos Xavantes naquela área e os instalou num grupo de aldeias oficiais com outros grupos tribais e não-indígenas. Eles não se conformaram com a perspectiva de ficarem ali por muito tempo, e eventualmente fugiram de volta para a selva. Eles permaneceram relativamente imperturbados e inatingíveis até à década dos ‘40 e ‘50. Até fins dos ‘50, todas as facções Xavante, que tinham migrado para o estado de Mato Grosso, tinham sido pacificados – o último dos grandes grupos tribais no Brasil a iniciar contato regular com o mundo de fora.
A caraterística mais marcante da sociedade Xavante pode ser a sua feição dualista: a divisão da tribo inteira em dois clãs – âwaw? e po'reza'õno. Permite-se o casamento somente entre membros de clãs opostos. Algumas outras caraterísticas distintas da cultura Xavante incluem os longos e complexos ritos de iniciação para meninos, culminando na cerimônia de furar orelha – no qual pequenos paus são inseridos no lóbulo das orelhas dos iniciados. Estes paus são usados – e em tamanhos progressivamente maiores – durante o resto das vidas deles. Os Xavante são famosos também pelas suas corridas de troncos de árvore, onde os dois clãs competem numa espécie de corrida de revezamento, carregando por alguns kilômetros troncos de buriti que pesam até 80 kilogramas. As mulheres tecem um tipo de cesta incrivelmente forte, a qual elas usam para carregar os nenês recem-nascidos. A ampla alça da cesta passa pela testa da mulher, enquanto a cesta mesma fica deitada nas costas dela, livrando assim, as mãos da mulher para outros trabalhos. Uma aldeia tradicional é construída com as casas dispostas em forma de ferradura de cavalo, dando-se o seu lado aberto para o rio. O domínio da mulher é a casa, cujo abertura sempre dá para o centro da aldeia. O domínio do homem é o lugar de reuniões no centro da aldeia, onde são tomadas todas as decisões importantes no conselho diário dos homens.
A língua Xavante contém 13 consoantes e 13 vogais – das quais quatro são nasais. Termos de honra e carinho são usados com referência a outros, como os parentes por afinidade e os netos. Muitos destes relacionamentos chaves são atualmente refletidos na gramática da língua. Por exemplo, ao falar diretamente ao genro, um homem usará a forma gramática indireta (terceira pessoa) em vez das formas da segunda pessoa. (Para mais sobre este assunto, veja a publicação neste site com o título Xavante Morphology and Respect/Intimacy Relationships (em Inglês, 312 kB).)

XOKLENG
Nomes alternativos: Aweikoma, Bugre, Botocudos
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê-Kaingang, Kaingang do norte
População: 250 falantes (1975) de um grupo étnico de 634 (1986 SIL)
Local: Santa Catarina, no tributário do Rio Itajaí.

YUHUP
Nomes alternativos: Makú-yahup, Yëhup, Yahup, Yahup Makú, "Maku"
Classificação lingüística: Maku
População: 360 no Brasil (1995 MTB); 600 em total (1986 SIL)
Local: Amazonas, num tributário do Rio Vaupés. Talvez também na Colômbia

Fontes: Eduardo Bueno, in “Brasil 500 anos” e Summer Institute of Linguistics (Sil Brasil)