sábado, 11 de dezembro de 2010

JAU... o nascimento de um Guarani


O nascimento de uma criança Guarani é bastante esperado, não só pela mãe, mas por todos os parentes.

A gravidez é atribuída, antes de mais nada, a causas sobrenaturais. Embora reconheçam que são necessárias relações sexuais para que uma criança seja concebida, são os Deuses que a enviam através do sonho do pai: o pai sonha que uma criança seria concebida, conta o sonho à esposa e esta engravida. Quando a gravidez se confirma, pais e parentes ficam alegres e cantam porque todo nascimento significa a vinda de uma alma do mundo divino para o mundo dos homens – sendo transportada por um apyka (banco), ela se assenta no ventre da mãe. Caso a gravidez ocorra antes do sonho do pai, dizem os mais velhos que o ayvu (alma), já estava procurando a mulher para nascer.

No momento em que a mulher entra em trabalho de parto, o marido ferve água com uma planta chamada kapi’i ou com suas sementes (kapi’i’a). A parturiente toma banho com essa água e em seguida a bebe para facilitar o parto.

Imediatamente após o nascimento, a placenta – que também é chamada de assento, pois é o lugar em que a alma vinda do mundo divino toma assento para entrar neste mundo – é cuidadosamente enterrada dentro da casa (com cinzas para não atrair animais). Dessa forma, o assento deixa de ser substância feminina passa a ser uma substância masculina, onde a potência máxima é a transformação de poder masculino e feminino. Isso explica o temor Guarani do nascimento em maternidades. Dizem que “a criança não será a mesma”, e indagam “o que fazem com a placenta?”. Deixar de realizar o enterro da placenta muda profundamente as relações sociais Guarani.

Após o nascimento da criança, a mãe se alimenta de mbojape (mingau de milho) por três dias. Depois disso, durante um mês não se alimenta de doces ou mel. Mas o pai também observa a restrição alimentar de carne por 10 a 15 dias após o nascimento de uma criança, visando a saúde da criança e ao seu crescimento e bem-estar físicos.

No primeiro ano de vida, a criança não deve comer alimentos com açúcar.

Baseado em texto de ZÉLIA MARIA BONAMIGO

2 comentários:

  1. Minha ayvu cresce cada vez que busco repouso em ABYA YALA SIN FRONTERA. Paz em Ñanderu,
    Graça Grauna

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  2. Seja sempre bem-vinda! Que sempre haja pouso tranquilo para a Graúna!

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