quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ESCOLA DE BRANCO: devoradora da identidade indígena

Essa é uma tradição oral andina recolhida pelo antropólogo peruano Alejandro Ortiz Rescanière, em julho de 1971, narrada por um velho índio, Don Isidro Huamani, natural da região de Andamarca, em Ayacucho, Peru:

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Deus Todo-Poderoso teve dois filhos – Inka e Sucristo.

Inka, o mais velho casou-se com Mama Pacha – A Mãe Terra e com ela teve dois lindos filhos. Sucristo, já jovem e forte, quando soube ficou com muita raiva, ciúme e inveja do irmão. A Lua lhe aconselhou e deixou cair um papel escrito. Sucristo assustou seu irmão Inka com o papel, poi
s ele não entendia nada e fugiu com medo.

Sucristo pediu ajuda ao puma para aprisionar o Inka. Os pumas aprisionaram o Inka no deserto de Lima que morreu de fome. Então Sucristo espancou a Mama Pacha e feriu-a de morte cortando-lhe o pescoço. Depois mandou construir suas igrejas, onde mora.

Quem ficou alegre com a morte do Inka foi Ñaupa Machu, que vivia numa montanha chamada escola, mas que ficava escondido na época do Inka.

Os dois filhos de Inka passaram procurando os pais e Ñaupa Machu os chamou para entrar na escola que ele iria contar onde estava o Inka e a Mama Pacha. Os meninos contentes foram, mas Ñaupa Machu queria mesmo era devorá-los e para confundí-los disse que Mama Pacha não gostava mais do Inka, pois ele vivia agora com Sucristo como dois ir
mãozinhos. Mostrou a escritura a eles e disse para lerem que estava tudo lá escrito. Os meninos desconfiados ficaram com medo e fugiram.

Desde essa época, todas as crianças são obrigadas a ir á escola. Mas, como os dois filhos do Inka e da Mama Pacha, quase todas elas não gostam da escola, fogem dela.

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A versão em português é uma tradução e adaptação de Freire (2001) a partir de uma versão em espanhol, traduzida do quéchua pelo próprio antropólogo que o recolheu.

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