Contam os Guarani que em tempos muito antigos existiu uma Primeira Terra – a YVY TENONDE.
Ela surgiu quando NHANDERU desceu no meio da água, num raio de luz e criou uma ilha pequena, que foi aumentando de tamanho. Nhanderu usou terremotos para criar montanhas e baixios, para que Yvy Tenonde não ficasse planas. Nessa terra, os habitantes viviam na amizade de Nhanderu.
Quando tudo ficou pronta, Nhanderu foi embora. E, com ele, a luz resplandecente que tinha em seu peito. Yvy Tenonde ficou escura. Mas com pena dos humanos e dos animais, Nhanderu gerou seu filho – KUARAY, o Sol e lhe disse:
- Vá ao mundo, você será meu herdeiro.
Kuaray concordou e falou:
- Eu vou andar do começo do mundo (leste) até o seu meio – Yvy Mbyte (o zênite do céu na terra; o umbigo do mundo). E depois, do meio da terra caminharei até o fim do mundo (oeste).
Este é, então, o CAMINHO DO SOL (Peabiru). Feito todos os dias para iluminar o mundo que tinha ficado escuro.
Naquele tempo, por sua boa conduta, os habitantes conseguiam facilmente chegar na YVY MARÃ EY, a Terra sem Mal, morada de Nhanderu – a Nhandery retã. Chegavam lá tanto em vida quanto após a morte, em corpo e alma. Sem dificuldade atravessavam a “grande água”, o mar, e alcançavam a Terra sem Mal.
Ai, por uma série de comportamentos errados dos habitantes, estes foram ficando “fracos”. Nhanderu então mandou um dilúvio. Assim, sem forças, os mais fracos não conseguiram ir para a Terra sem Mal, não escaparam das águas. Se afogaram. Os menos fracos sobreviveram, viraram GUARDIÕES, mas o mundo se tornou YVY VAÍ – a Terra Imperfeita –, que é essa que se conhece hoje. E a ida à Terra sem Mal tornou mais difícil.
Ela continuou à disposição dos Guarani, porém com a condição de que se “erguessem”. Teriam também que adquirir “leveza” necessária para serem transportados ate ela. Após a morte ou mesmo em vida. Para ficar “leve”, o Guarani tem que seguir as regras do modo de ser guarani quanto à alimentação, o jejum, a reza, a dança, os cantos, os rituais na OPY (casa de oração) e outros ensinamentos dos pajés.
Para os Guarani, a Terra sem Mal é uma aldeia sagrada, existente numa ilha localizada no meio da “Grande Água”, para o lado onde o Sol nasce. É a morada de Nhanderu e de sua esposa NHANDECY, a Nossa Mãe, e de todos os ancestrais guarani, os índios “antigos” os pajés poderosos que guiam os que estão na Terra Imperfeita com seus conselhos. Na Yvy Marã Ey, as flechas caçam sozinhas e os Guarani podem viver de acordo com seus costumes e são imortais.
Lá vivem o tangará, o sabiá e a arara e diversas aves migratórias. Elas vêm em visita à Terra Imperfeita, mas como não conseguem acostumar-se aqui, sempre retornam para Yvy Marã Ey. Lá também existem outros animais, muitas flores, árvores como o cedro e a canela. Todos eles – animais, árvores e também as pedras – falam como gente. Há um mel muito gostoso, pão de milho doce, canjica. Á água é boa e farta. Entre as plantas, existe o divino MILHO AZUL.
Nhanderu fica numa cabana, deitado numa rede. Ao seu lado, no chão , está o JAGUAR AZUL. E acima, no teto, o MORCEGO ORIGINAL. Na porta, uma SERPENTE. Há quem diga que se trata de uma caninana.
Nhandecy, a esposa, está sempre por perto. Ela é a mãe dos gêmeos sagrados – Kuaray, o Sol, e Jacy, a Lua – e de Tupã.
Tupã é o relâmpago, as chuvas e os oceanos. Nhandecy é muito apegada a ele e, às vezes, o chama para conversar. Ele então sai de sua morada, que fica no oeste do mundo, para os lados dos Andes e do Pacífico, e vai à Terra sem Mal, no leste. Para isso ele usa um APIKÁ, uma canoa com acendo redondo, levando dois índios como ajudantes. Tupã chega no casebre da mãe, desembarca bem na frente de Nhandecy e, então, conversam. Enquanto isso, seu tembetá de cristal relampeja constantemente em seu lábio inferior.
O Morcego Original algum dia, não se sabe quando, poderá comer o Sol. E se, então, o Jaguar Azul descerá cantando, com ordem de atacar e destruir a humanidade. Os Guarani têm a responsabilidade de manter o comportamento de acordo com sua cultura e seu antigo “sistema”, conversando sempre com os deuses nas opys. Têm a missão de cuidar da Terra e orientar a humanidade, para evitar esse desastre. Se a cultura Guarani e os guaranis desaparecerem, o Morcego comerá o Sol e Nhanderu dará ao Jaguar Azul a ordem de destruição.
Ela surgiu quando NHANDERU desceu no meio da água, num raio de luz e criou uma ilha pequena, que foi aumentando de tamanho. Nhanderu usou terremotos para criar montanhas e baixios, para que Yvy Tenonde não ficasse planas. Nessa terra, os habitantes viviam na amizade de Nhanderu.
Quando tudo ficou pronta, Nhanderu foi embora. E, com ele, a luz resplandecente que tinha em seu peito. Yvy Tenonde ficou escura. Mas com pena dos humanos e dos animais, Nhanderu gerou seu filho – KUARAY, o Sol e lhe disse:
- Vá ao mundo, você será meu herdeiro.
Kuaray concordou e falou:
- Eu vou andar do começo do mundo (leste) até o seu meio – Yvy Mbyte (o zênite do céu na terra; o umbigo do mundo). E depois, do meio da terra caminharei até o fim do mundo (oeste).
Este é, então, o CAMINHO DO SOL (Peabiru). Feito todos os dias para iluminar o mundo que tinha ficado escuro.
Naquele tempo, por sua boa conduta, os habitantes conseguiam facilmente chegar na YVY MARÃ EY, a Terra sem Mal, morada de Nhanderu – a Nhandery retã. Chegavam lá tanto em vida quanto após a morte, em corpo e alma. Sem dificuldade atravessavam a “grande água”, o mar, e alcançavam a Terra sem Mal.
Ai, por uma série de comportamentos errados dos habitantes, estes foram ficando “fracos”. Nhanderu então mandou um dilúvio. Assim, sem forças, os mais fracos não conseguiram ir para a Terra sem Mal, não escaparam das águas. Se afogaram. Os menos fracos sobreviveram, viraram GUARDIÕES, mas o mundo se tornou YVY VAÍ – a Terra Imperfeita –, que é essa que se conhece hoje. E a ida à Terra sem Mal tornou mais difícil.
Ela continuou à disposição dos Guarani, porém com a condição de que se “erguessem”. Teriam também que adquirir “leveza” necessária para serem transportados ate ela. Após a morte ou mesmo em vida. Para ficar “leve”, o Guarani tem que seguir as regras do modo de ser guarani quanto à alimentação, o jejum, a reza, a dança, os cantos, os rituais na OPY (casa de oração) e outros ensinamentos dos pajés.
Para os Guarani, a Terra sem Mal é uma aldeia sagrada, existente numa ilha localizada no meio da “Grande Água”, para o lado onde o Sol nasce. É a morada de Nhanderu e de sua esposa NHANDECY, a Nossa Mãe, e de todos os ancestrais guarani, os índios “antigos” os pajés poderosos que guiam os que estão na Terra Imperfeita com seus conselhos. Na Yvy Marã Ey, as flechas caçam sozinhas e os Guarani podem viver de acordo com seus costumes e são imortais.
Lá vivem o tangará, o sabiá e a arara e diversas aves migratórias. Elas vêm em visita à Terra Imperfeita, mas como não conseguem acostumar-se aqui, sempre retornam para Yvy Marã Ey. Lá também existem outros animais, muitas flores, árvores como o cedro e a canela. Todos eles – animais, árvores e também as pedras – falam como gente. Há um mel muito gostoso, pão de milho doce, canjica. Á água é boa e farta. Entre as plantas, existe o divino MILHO AZUL.
Nhanderu fica numa cabana, deitado numa rede. Ao seu lado, no chão , está o JAGUAR AZUL. E acima, no teto, o MORCEGO ORIGINAL. Na porta, uma SERPENTE. Há quem diga que se trata de uma caninana.
Nhandecy, a esposa, está sempre por perto. Ela é a mãe dos gêmeos sagrados – Kuaray, o Sol, e Jacy, a Lua – e de Tupã.
Tupã é o relâmpago, as chuvas e os oceanos. Nhandecy é muito apegada a ele e, às vezes, o chama para conversar. Ele então sai de sua morada, que fica no oeste do mundo, para os lados dos Andes e do Pacífico, e vai à Terra sem Mal, no leste. Para isso ele usa um APIKÁ, uma canoa com acendo redondo, levando dois índios como ajudantes. Tupã chega no casebre da mãe, desembarca bem na frente de Nhandecy e, então, conversam. Enquanto isso, seu tembetá de cristal relampeja constantemente em seu lábio inferior.
O Morcego Original algum dia, não se sabe quando, poderá comer o Sol. E se, então, o Jaguar Azul descerá cantando, com ordem de atacar e destruir a humanidade. Os Guarani têm a responsabilidade de manter o comportamento de acordo com sua cultura e seu antigo “sistema”, conversando sempre com os deuses nas opys. Têm a missão de cuidar da Terra e orientar a humanidade, para evitar esse desastre. Se a cultura Guarani e os guaranis desaparecerem, o Morcego comerá o Sol e Nhanderu dará ao Jaguar Azul a ordem de destruição.
Baseado em texto de Rosana Bond
Este mito é profundo e deve ser melhor estudado, principalmente os seus símbolos. Pode dar pista sobre a origem de muitos povos.
ResponderExcluirNão dá para negar a semelhança com o cristianismo, inclusive a parte do dilúvio.
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