
KON ILLA TICSI WIRACOCHA, ou simplesmente VIRACOCHA, é possivelmente uma divindade de origem pré-incaica, tendo sido cultuado inicialmente na região de Waruchiri, vale ao sul da atual cidade de Lima, com o nome de KUNIRAYA ou KON IRAYA.
Entidade civilizadora, que ensinou diversas técnicas aos povos andinos, notadamente agrícolas, Wiracocha era descrito como tendo pele clara, cabelos e barbas longas e vestindo uma longa túnica.
Essa figura santa teria desagradado alguns curacas (chefes) da época e esses tentaram matá-lo. Wiracocha, então, de acordo com o mito mais tradicional, desapareceu pelo Oceano Pacífico, "caminhando sobre as águas como se estivesse na terra, sem afundar", prometendo que um dia voltaria. Por isso, os conquistadores espanhóis, no século XVI, foram confundidos com emissários de Wiracocha.
Curioso notar que um personagem semelhante à essa divindade inca existe também na memória dos índios do Brasil. Aqui, porém, é conhecido como SUMÉ, ZUMÉ ou PAI SUMÉ. Sobre isso, Hernâni Donato garimpou informações preciosas em seu "Sumé e Peabiru". Informa que "guardam os Tupi a lembrança de um benfeitor e legislador desaparecido, a quem chamam de Sumé, que lhes ensinou a viver em boa regra, a cultivar a mandioca, e que desapareceu depois para o lado do mar..."
Donato lembra, ainda, os botucudos da bacia do rio Doce descrevem Sumé com "cabeleira clara, ruiva, estatura maior do que a dos outros homens, andando à tona das águas ou sobre as nuvens (...) inventou o batoque e as danças (...) e feria com invisível flecha o coração de seus inimigos".
Para alguns cronistas do século XVI, como o jesuíta Antônio Ruizs de Montoya - fundador das missões do Guairá -, Sumé teria chegado ao Brasil e depois, abrindo o Caminho do Peabiru, teria chegado ao Peru. Os jesuítas o relacionaram com a figura de São Tomé, apóstolo de Jesus.

Hernâni Donato sublinha que o fabuloso Wiracocha-Sumé esteve presente não só no Peru e no Brasil, mas na maior parte da América pré-colombiana: "A mesma aparência física e o nome, apenas com variantes leves de sul a norte, comparecem na mítica de quase toda a América. É este, o do Sumé, o mais sensível traço de ligação entre povos e regiões do Novo Mundo".
E cita A. Métraux, falando do enigmático fantasmas do "velho fazedor de terra das primitivas cosmogonias, comum a todas as tribos indígenas do Alasca à Terra do Fogo".
Baseado no texto de Rosana Bond
Me faz lembrar que entre algumas tribos nativas brasileiras em principal no alto Amazonas existe Yupurari, ou o "Agonizante" segundo algumas traduções...
ResponderExcluirMuito similar inclusive quantto referente ao seu "arquetipo".
.'.A+A'.'