sábado, 21 de maio de 2011

MANOA, a cidade perdida no Brasil


A conquista da América cortou bruscamente todo o ciclo natural dos ameríndios, já que, além de terem sido escravizados, foram obrigados a abandonar seus costumes, suas tradições e seus Deuses.

A destruição de suas civilizações e a proibição da utilização dos símbolos pictóricos fez com que ficassem esquecidas muitas cidades e centros cerimoniais, situados, muitas vezes, no âmago de florestas luxuriantes. Vez por outra, são encontradas algumas dessas antigas cidades, geralmente cobertas pela vegetação tropical ou em locais de difícil acesso, como ocorreu com a espetacular Machu-Pichu, descoberta no ano de 1911, no Peru, ou a pequena cidade de Bonampak, encontrada nas nas selvas da América Central após a II Grande Guerra e que abriga, em um de seus edifícios, as mais notáveis pinturas murais do Novo Mundo.

No interior do Brasil, tem sido mencionada, com frequência, uma cidade abandonada desde os primeiros anos que se seguiram à chegada dos portugueses. MANOA, nome que lhe dão os nativos, foi procurada por dezenas de exploradores, a partir do século XVI, sendo os mais conhecidos Francisco de Orellana, Cabeza de Vaca e, neste século, o coronel Percy Fawcett.

Descrita como cidade prodigiosamente rica em ouro, prata, pedras preciosas, etc, Manoa tem sido muitas vezes confundida com a capital dos Chibchas, cultura da Colômbia, onde era realizada, anualmente, a cerimônia de El-Dorado, que consistia em cobrir o líder local com ouro em pó e que terminava com o mergulho deste nas águas do Lago Guatavita.

Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, seguindo a intuição de Orellana, que de Manoa nada tinha a ver com as cerimônias do Chibchas, conclui que a cidade perdida deveria se encontrar no interior do Brasil. Após exaustivas buscas através dos atuais estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Cabeza de Vaca foi forçado a interromper a procura, embora os silvícolas da região insistissem na informação de que Manoa se encontrava a apenas dez dias de distância. Febres tropicais, fome e temor dos indígenas levaram os soldados do aventureiro espanhol a se amotinarem, o que fez com que ele lamentasse, até o fim de seus dias, ter sido obrigado a regressar, estando tão perto de seu objetivo.

As lendas acerca da cidade perdida, entretanto, persistiram pelos séculos à fora e, em 1753, chegou à Capital do Brasil colonial uma intrigante relação enviada por um bandeirante, descrevendo o encontro de ruínas de uma cidade, próxima a uma mina de prata abandonada. A mensagem descrevia, ainda, as casas - todas de pedra -, uma estátua de basalto e a existência de uma tribo deíndios de pele clara que habitavam as cercanias da vila abandonada. Esse documento nunca foi levado muito a sério; permaneceu esquecido por muitos anos, encontrando-se, atualmente, na Biblioteca Nacional, catalogado sob o número 512.l

Podemos, ainda, adiantar que o primeiro mapa amazônico, confeccionado em bases reais, devido às explorações do missionário alemão Samuel Fritz, realizadas entre 1690 e 1691, apresentava ao norte do rio Amazonas uma indicação assás curiosa: a localização do lago "Parima", onde se situava a Vila Manoa d'El Dorado. De posse dess mapa, o explorador francês La Condamine percorreu uma boa parte da região e informou em seu relatório à Academia Francesa que os resultados obtidos em suas andanças deviam-se à fidelidade do trabalho do padre Fritz.

As descrições dos antigos exploradores e o manuscrito 512 fizeram com que o conhecido explorador inglês Percy Fawcett, coronel do Exército de Sua Majestade Britânica e que serviu por vários anos e diversos governos sul-americanos demarcando limites, resolvesse embrenhar-se pelas selvas brasileiras em busca de Manoa. Certo de que alcançaria o sucesso esperado, Fawcett partiu de Cuiabá nos primeiros meses de 1925, acompanhado de seu filho Jack e do fotógrafo Raleigh Rimel. Em sua última carta à esposa, datada de 29 de Maio daquele ano, demonstrava um excesso de otimismo que contrastava com o temperamento britânico. Em certo trecho, informava que um silvícola fizera-lhe uma surpreendente descrição de uma cidade no interior da floresta, existinto no local mencionado diversos edifícios de pedra, num dos quais se encontrava um espelho de cristal que, refletindo a luz, iluminava o interior da construção, senod possivelmente um templo de adoração ao sol. Após essa carta, ninguem mais ouviu falar da pequena expedição.

Hoje, salvo o trecho que se encontra após as cachoeiras de Von Martius, muitas vezes apontada pelos indígenas da região como sendo o local da Cidade do Sol, toda aquela região acha-se bastante explorada, principalmente graças ao trabalho desenvolvido pelos irmãos Villas-Boas.

Manoa, faria parte de um complexo sagrado outras duas cidades - Salazare e Tiahuanaco. É dito que de sua estrutura, no centro, elevava-se uma gigantesca pirâmide e uma vasta escadaria se erguia até a plataforma, onde os Deuses celebravam cerimônias que hoje nos são desconhecidas. O edifício principal era rodeado por pirâmides menores interligadas por colunas e, mais adiante, em colinas criadas artificialmente, erguiam-se outros edifícios decorados com placas brilhantes. À luz do sol-nascente, contam-se, as cidades dos Deuses pareciam estar em chamas. Irradiavam uma luz misteriosa que brilhava nas montanhas
Baseado em texto de Aurélio M. G. de Abreu.

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