domingo, 9 de maio de 2010

OS TAINOS

Os TAINOS - algumas vezes chamados de ARAWAK - originaram-se na nascente do rio Orinoco, na Venezuela, viviam em vilas e praticavam a agricultura, cultivando milho, mandioca, batata-doce, goiaba, papaia, abacaxi, tabaco e algodão, do qual faziam roupas. Apanhavam mexilhões, ostras e caranguejos, caçavam pássaros, cobras, peixes-bois e tartarugas marinhas. Sua arte incluía pintura corporal e confecção de brincos, ornamentos para nariz, ornamentos labiais e cocares de plumagem colorida. Contas de pedra entalhada e enfeites conhecidos como ÇIBAS eram usados com outros feitos com uma liga de ouro, cobre e prata, conhecida como GUANÍN. Para os tainos, o caráter sagrado do guanín era, parcialmente, em virtude de seu cheiro, que remetia à sexualidade e à fertilidade. Os sofisticados utensílios de guanín encarnavam poderes ancestrais e, como tais, eram cerimoniais e trocados entre os chefes tainos.

Eram, também, especializados em carpintaria, entalhando bancos conhecidos como DUHOS, geralmente decorados com conchas e guanín. Os BEHIQUES (xamãs) sentavam-se nesses bancos e se conectavam com o mundo dos Ancestrais e dos Espíritos. Construíam grandes canoas elaboradas, viajando regularmente entre as ilhas do Caribe, mantendo uma rede de relações comerciais. A sociedade taina era governada por chefes hereditários, seu status era herdado pela linhagem materna. Os chefes podiam ter várias esposas, um indicador de que os casamentos eram, também, alianças políticas estratégicas, visto que mulheres de alta linhagem tinham sempre um alto status, que compartilhava com seu marido. Essa organização está refletida no tamanho e sofisticação das vilas taino; as maiores chegavam a centenas de casas comunais construídas ao redor de uma praça central, onde aconteciam todos os eventos religiosos e sociais, como danças e músicas cerimoniais chamadas AREÍTOS, e os jogos de bola de borracha chamados BATEY.

Escondida na região montanhosa do atual Puerto Rico, a cidade de CAGUANA possuiu o mais denso e elaborado grupo de campos de bola e praças de toda a sociedade taina. Em seu auge, por volta de 1350 d.C., Caguana era um centro cerimonial e provavelmente político, dominado por uma arquitetura que incluía imagens de criaturas mitológicas entalhadas em placas de pedras que franqueavam a praça central. A religião dos tainos baseia-se na tradição xamânica, que vê plantas, animais e paisagens infusas com a força espiritual derivada de seus ancestrais. Em tal universo espiritualmente animado, todas as coisas possuem dimensões sagradas e seculares, misturando-se de tal modo que nós, hoje, temos dificuldade de compreender.

A crença dos tainos de que os espíritos habitam lugares sagrados predomina sobres as cavernas: elas aparecem em seus mitos de origem como locais de emergência do povo Taino e como o lar dos Espíritos e dos mortos - os OPÍA -, transformados em morcegos. Uma das maiores cavernas-santuário dos Taino é a que hoje chamamos de LA ALETA, na República Dominicana, cujo auge vigorou entre 1035 e 1420 d.C., conservando ainda muitos artefatos cerimoniais de vime, madeira e cabaças. No fundo, os arqueólogos encontraram um monte submerso em cima do qual havia ferramentas de pedra, cerâmica, madeira e cestas espalhadas, tigelas decoradas, estatuetas de crocodilo, uma clave de guerra e uma "espátula do vômito" (utilizada para "purificar" o corpo antes e durante os rituais); tudo parece ter sido colocados lá deliberadamente, como oferta para Deuses e Espíritos Ancestrais.

O foco principal da religião Taino era a veneração de Espíritos conhecidos como ZEMÍS, a personificação de forças espirituais que habitavam as árvores, pedras, cavernas, rios e outros aspectos da natureza, cujos poderes eram incorporados em imagens sagradas - objetos tridimensionais, feitos em pedra, osso, madeira, conchas, argila e algodão combinados, tomando formas de pássaros, sapos, tartarugas e, as vezes, vegetais, como o aipim. Outros são mais abstratos, com desenhos geométricos entalhados ou pintados em pedras e artefatos. Mas sua forma mais comum eram as pedras pontiagudas, como miniaturas de montanhas ou de vulcões, mas talvez pudessem ser a representação de seios. Alguns apresentam rostos humanos estilizados, animais, criaturas fantásticas, metade humanas metade animais, que remetem às imagens vistas em transe xamânico. Os Zemis eram bem cuidados, recebiam alimento e eram esfregados com aipim; cada um tinha poderes diferentes, variando entre promover o sucesso do parto até conquistar a vitória em uma guerra ou aumentar a produção agrícola (quando enterrados nos campos de mandioca conhecidos como CONUCOS). Zemís de madeira demonstram a habilidade do xamã de ligar a vida cotidiana ao reino espiritual na cerimônia COHOBA, quando inalavam um pó alucinógeno a fim de se comunicarem com os espíritos, especialmente os de Ancestrais veneráveis. E, então, os Zemís concediam seus poderes aos artefatos e à paisagem, ligando o povo Taino a poderes cósmicos.

Os deuses Taino mais importantes eram YÚCAHU, da fertilidade e criador do aipim. Sua companheira era ATABEY, literalmente "Mãe das Águas", associada aos rios e à chuva que irrigam as plantações de aipim; ela também cuidava dos fluxos femininos e auxiliava no parto.

Baseado em texto de Nicholas J. Saunders

2 comentários:

  1. Olá!
    Há um selo para teu blog no Germinando:

    http://gherminando.blogspot.com/

    Beijos!

    Luciana

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  2. Poxa muito bom o blogger e o tema,vejo que vc sempre atualiza,isso é ótimo sinal!!!

    Tenho uma vontade gigantesca de ir conhecer a america latina,acredito que seja o dever de que qualquer latino conhece seu continente e irmãos do que conhecer os EUA e outros lugares.

    Favoritei seu link e sempre vou acompanhar!!
    Vc já viajou para a Bolivia??

    Abraxx!!

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