A Lapa do Boquête localiza-se no município de Januária (MG), no canyon do Rio Peruaçu, afluente da margem esquerda do Rio São Francisco.
Trata-se de um dos vários sítios dessa região do norte de Minas Gerais que foram escavados pelo arqueólogo André Prous (UFMG) e equipe, quando iniciaram, no final dos anos 70, um projeto de pesquisa arqueológica no Alto-Médio São Francisco. As escavações desse sítio iniciaram-se em 1981 e foram concluídas em 1998.
O nível de ocupação humana mais antigo da Lapa do Boquête foi datado pelo método do Carbono 14 em cerca de 12.000 anos antes do presente, sendo que a ocupação humana nesse sítio se estende durante todo o Holoceno. Até 2.000 anos antes do presente, não há evidências do uso de cerâmica no sítio. Entretanto, aparecem conjuntos de estacas verticais de grande diâmetro, indicando a presença de estruturas de habitação no sítio entre 2.000 e 7.000 anos antes do presente. Os seis sepultamentos encontrados na Lapa do Boquête (incluindo o Sepultamento I) estavam nas camadas correspondentes a 7.000 anos antes do presente.
O Sepultamento I é um adulto do sexo masculino, robusto e braquicéfalo (crânio cuja largura é maior que o comprimento), sepultado em uma fossa cujo sedimento estava repleto de conchas de moluscos. Grandes blocos de rochas cobriam parcialmente o indivíduo, sendo que um grande bloco do tipo quebra-côco repousava sobre o tórax e outro sobre o crânio. O indivíduo foi sepultado de costas (assim como os outros seis sepultamentos encontrados na Lapa do Boquête), com os membros totalmente fletidos, os fêmures na vertical e as mãos sobre o peito. A orientação do corpo seguia um eixo aproximadamente noroeste (crânio)/sudeste (pélvis). O crânio deslocou-se ligeiramente da posição inicial devido, provavelmente, a bioturbações (perturbações no sedimento, ocasionadas por seres vivos). Havia um acúmulo de grandes lascas de sílex ao lado do crânio.
Nos paredões abrigados e cavernas do vale do Peruaçu está preservada uma das maiores concentrações mundiais de arte rupestre. Grande parte das mais de mil gravuras da Lapa do Boquête é geométrica, de uma ou duas cores, acompanhada de algumas poucas figuras zoomorfas e humanas. Figuras mais recentes, como tatus, cervídeos e tamanduás aparecem em alguns painéis. Os pigmentos encontrados nas camadas datadas em cerca de 7.000 anos atrás sugerem que parte das pinturas rupestres, provavelmente as geométricas, seja contemporânea ao sepultamento I.
PRINCIPAIS SÍTIOS PLEISTOCÊNICOS COM VESTÍGIOS DAS MAIS ANTIGAS POPULAÇÕES AMERÍNDIAS
CLÓVIS FOLSON Os sítios dessa cultura espalham-se pela região centro-leste dos EUA. Instrumentos de caça ali encontrados em meados deste século foram considerados vestígios das mais antigas populações ameríndias no continente, que teriam vivido entre 10 e 11,5 mil anos atrás.
MEADOWCROFT (nordeste dos EUA) e MONTE VERDE I (sul do Chile): A identificação desses sítios na segunda metade do século XX sugerem uma ocupação humana mais antiga que a da cultura Clóvis: entre 15 e 19,6 mil anos para o primeiro e cerca de 30 mil para o segundo. Os especialistas divergem muito a respeito desses dados.
CALICO (Califórnia, EUA): Com base em formações geológicas desse sítio contendo supostos instrumentos humanos, propôs-se a presença do homem na América há pelo menos 70 mil anos. Como os artefatos são pouco convincentes, esse sítio é hoje desconsiderado pela maioria dos pesquisadores.
PEDRA FURADA (Piauí, Brasil): A partir da datação de supostos instrumentos e fogueiras identificados nesse sítio, escavado por N. Guidon e F. Parenti, respectivamente nos anos 70 e 80, afirma-se que o homem está na América há mais de 40 mil anos. Mas muitas das conclusões apresentadas pelos pesquisadores que defendem essa hipótese são questionadas por alguns especialistas.
ITABORAÍ (Rio de Janeiro, Brasil): Com base em supostos artefatos de quartzo encontrados nessa jazida paleontológica, M. Beltrão, que a escavou, defende a hipótese de que o homem esteja na América há 2.500.000 anos. A maioria dos arqueólogos considera que nenhum desses instrumentos têm origem humana.
TOCA DA ESPERANÇA (Bahia, Brasil): M. Beltrão, H. e M.A. de Lumley encontraram artefatos de pedra em estratos desse sítio datados de 200 e 300 mil anos pelo método do 230Th e do 234U. Mas a margem de erro dessas datações é enorme e há indícios de perturbações estratigráficas.
LAPA VERMELHA (Minas Gerais, Brasil): Foi encontrado nesse sítio o mais antigo esqueleto conhecido das Américas, com cerca de 11 mil anos.
LAPA DO BOQUETE e SANTANA DO RIACHO (Minas Gerais, Brasil), PEDRA PINTADA (Amazonas, Brasil) e SANTA ELINA (Mato Grosso, Brasil): Esses sítios contêm vestígios inquestionáveis da presença do homem na região há 11-12 mil anos.
Trata-se de um dos vários sítios dessa região do norte de Minas Gerais que foram escavados pelo arqueólogo André Prous (UFMG) e equipe, quando iniciaram, no final dos anos 70, um projeto de pesquisa arqueológica no Alto-Médio São Francisco. As escavações desse sítio iniciaram-se em 1981 e foram concluídas em 1998.
O nível de ocupação humana mais antigo da Lapa do Boquête foi datado pelo método do Carbono 14 em cerca de 12.000 anos antes do presente, sendo que a ocupação humana nesse sítio se estende durante todo o Holoceno. Até 2.000 anos antes do presente, não há evidências do uso de cerâmica no sítio. Entretanto, aparecem conjuntos de estacas verticais de grande diâmetro, indicando a presença de estruturas de habitação no sítio entre 2.000 e 7.000 anos antes do presente. Os seis sepultamentos encontrados na Lapa do Boquête (incluindo o Sepultamento I) estavam nas camadas correspondentes a 7.000 anos antes do presente.
O Sepultamento I é um adulto do sexo masculino, robusto e braquicéfalo (crânio cuja largura é maior que o comprimento), sepultado em uma fossa cujo sedimento estava repleto de conchas de moluscos. Grandes blocos de rochas cobriam parcialmente o indivíduo, sendo que um grande bloco do tipo quebra-côco repousava sobre o tórax e outro sobre o crânio. O indivíduo foi sepultado de costas (assim como os outros seis sepultamentos encontrados na Lapa do Boquête), com os membros totalmente fletidos, os fêmures na vertical e as mãos sobre o peito. A orientação do corpo seguia um eixo aproximadamente noroeste (crânio)/sudeste (pélvis). O crânio deslocou-se ligeiramente da posição inicial devido, provavelmente, a bioturbações (perturbações no sedimento, ocasionadas por seres vivos). Havia um acúmulo de grandes lascas de sílex ao lado do crânio.
Nos paredões abrigados e cavernas do vale do Peruaçu está preservada uma das maiores concentrações mundiais de arte rupestre. Grande parte das mais de mil gravuras da Lapa do Boquête é geométrica, de uma ou duas cores, acompanhada de algumas poucas figuras zoomorfas e humanas. Figuras mais recentes, como tatus, cervídeos e tamanduás aparecem em alguns painéis. Os pigmentos encontrados nas camadas datadas em cerca de 7.000 anos atrás sugerem que parte das pinturas rupestres, provavelmente as geométricas, seja contemporânea ao sepultamento I.
PRINCIPAIS SÍTIOS PLEISTOCÊNICOS COM VESTÍGIOS DAS MAIS ANTIGAS POPULAÇÕES AMERÍNDIAS
CLÓVIS FOLSON Os sítios dessa cultura espalham-se pela região centro-leste dos EUA. Instrumentos de caça ali encontrados em meados deste século foram considerados vestígios das mais antigas populações ameríndias no continente, que teriam vivido entre 10 e 11,5 mil anos atrás.
MEADOWCROFT (nordeste dos EUA) e MONTE VERDE I (sul do Chile): A identificação desses sítios na segunda metade do século XX sugerem uma ocupação humana mais antiga que a da cultura Clóvis: entre 15 e 19,6 mil anos para o primeiro e cerca de 30 mil para o segundo. Os especialistas divergem muito a respeito desses dados.
CALICO (Califórnia, EUA): Com base em formações geológicas desse sítio contendo supostos instrumentos humanos, propôs-se a presença do homem na América há pelo menos 70 mil anos. Como os artefatos são pouco convincentes, esse sítio é hoje desconsiderado pela maioria dos pesquisadores.
PEDRA FURADA (Piauí, Brasil): A partir da datação de supostos instrumentos e fogueiras identificados nesse sítio, escavado por N. Guidon e F. Parenti, respectivamente nos anos 70 e 80, afirma-se que o homem está na América há mais de 40 mil anos. Mas muitas das conclusões apresentadas pelos pesquisadores que defendem essa hipótese são questionadas por alguns especialistas.
ITABORAÍ (Rio de Janeiro, Brasil): Com base em supostos artefatos de quartzo encontrados nessa jazida paleontológica, M. Beltrão, que a escavou, defende a hipótese de que o homem esteja na América há 2.500.000 anos. A maioria dos arqueólogos considera que nenhum desses instrumentos têm origem humana.
TOCA DA ESPERANÇA (Bahia, Brasil): M. Beltrão, H. e M.A. de Lumley encontraram artefatos de pedra em estratos desse sítio datados de 200 e 300 mil anos pelo método do 230Th e do 234U. Mas a margem de erro dessas datações é enorme e há indícios de perturbações estratigráficas.
LAPA VERMELHA (Minas Gerais, Brasil): Foi encontrado nesse sítio o mais antigo esqueleto conhecido das Américas, com cerca de 11 mil anos.
LAPA DO BOQUETE e SANTANA DO RIACHO (Minas Gerais, Brasil), PEDRA PINTADA (Amazonas, Brasil) e SANTA ELINA (Mato Grosso, Brasil): Esses sítios contêm vestígios inquestionáveis da presença do homem na região há 11-12 mil anos.
Baseado em textos de André Prous
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