Vista do alto, Cuzco assemelha-se a um puma adormecido, refestelado ao sol das cordilheiras. A cabeça repousa sobre a Montanha de Saqsayhuaman, em forma de inexpugnável fortaleza. O corpo, delineado por dois magros riachos que, entretanto, deram vida ao vale. A cauda irrequieta oscila sobre o bairro de Pumapchupan.
Em sua modorra milenar, o puma observou a ocupação do vale por diversos grupos humanos. Assistiu, indiferente, à transformação dos pantanais em férteis campos de cultivo e testemunhou o crescimento do vilarejo em aldeia, depois em cidade e, finalmente, em grandiosa metrópole.
A Cuzco contemporânea está longe de ser a metrópole dourada dos tempos dos Incas, com mais de cem mil casas e quase trezentos mil habitantes...
Fica num vale que é apenas uma depressão relativamente plana em meio ao relevo acidentado da cordilheira. Estende-se por um corredor estreito, com seus quarenta quilômetros de comprimento, e está inteiramente cercado de montanhas. Os riachos que o atravessam brotam de arroios nas colinas vizinhas e correm para o oeste, rumo às encostas de um imponente nevado. Na direção posta, através de desfiladeiros, rugem as corredeiras de um rio inavegável. Aparentemente o vale está isolado do resto do mundo, enclausurado em uma bacia terminal, quase três mil e quinhentos metros acima do nível do mar, zona intermediária entre a sóbria vegetação serrana e a desolação dos picos andinos.
Nada induz à fixação do homem. O ar é rarefeito; a terra, sujeira a erosão, desmoronamentos e geadas, e há poucos terrenos adequados à agricultura. As estações alternam-se entre inundações e secas prolongadas, e a produção agrícola exige esforços sobre-humanos.
Cuzco fica no meio desse vale, com ruas retas e pavimentadas, edifícios simetricamente ordenados em grandes conjuntos arquitetônicos, e praças – cinco ao todo – amplas, cercadas de palácios de granito. Os riachos fluem por leitos calçados e os esgotos desembocam em acéquias sanitárias, permanentemente lavadas com água corrente e cristalina.
A cidade era protegida por uma extensa muralha de adobe, lembrança dos tempos sem que não passava de uma frágil aldeia agrícola, à mercê de possíveis invasores. Descendo a colina do Saqsayhuaman, encontram-se várias colunas cilíndricas: gnômones para o cálculo das efemérides solares, usando suas sombras para prever os solstícios e equinócios.
O cusquenho típico é atarracado smas forte, de peito largo, músculos compactos, bíceps curtos mas poderosos e panturilhas bem desenvolvidas pelo eterno esforço de subir e descer montanhas. A pele e dura, cor de jambo maduro. Tem o rosto ovalado, maxilares possantes, lábios largos e olhos negros e amendoados. Veste-se com apuro, coberto de adornos, alguns com orelheiras de prata, outros com orelheiras de ouro – nobres aparentados do imperador.
Fala-se muito nas ruas, mas o cusquenho é sábio e discreto, e expressa-se a meia-voz, sem espalhafato, como que saboreando as palavras de seu idioma.
Vêem-se também muito estrangeiros na Cuzco imperial. Cada nação do Império tem o seu representante na Cidade Sagrada, gente que não se diferencia muito do cuzquenho legítimo, a não ser pelos adornos que traz à cabeça para identificar sua origem.
No meio da cidade – o coração do Puma – encontra-se uma ampla praça, com um riacho dividindo-a em duas. E no centro dela, o luxo desmedido da topografia dos Andes: um monólito negro – USNU –, a Pedra da Guerra, símbolo dos invencíveis exércitos de Cuzco.
A metade de cima da praça é chamada de Huacaypata – a Praça dos Lamentos –, reservada aos ritos religiosos. A outra metade, é a Cusipata – ou Praça do Regozijo – e está cercada de plataformas de cultivo. Essa parte da praça é usada para as celebrações de triunfo e a feira de mercadorias.
Não é uma feira como outras. Há complexos procedimentos comerciais em que não se usa dinheiro e não existe uma divisão muito clara entre clientes e mercadores. Todos compram e todos vendem de tudo. A feira é um acontecimento social, um exercício de civilidades e um deslumbramento dos sentidos, já que na Cuzco imperial não havia gente pobre, e todos estavam muito habituados ao que havia de melhor no mundo.
No setor de vestuário, quase não se encontra o tecido de ABASCA (lã de alpaca), usado pela gente do povo. Ali reinava o algodão costeiro e o reluzente tecido de CUMBI (lã de vincunha), que enfeita a nobreza. Havia, também tecidos com reflexos furta-cor, tecido com plumas muito pequenas, do peito dos passarinhos, de cores vibrantes colocadas no cumbi de maneira que a pluma sobressaia à lã e a encobria. Encontrava-se, ainda, peças sedosas, mesclando lã de vincunha com pelo de morcego, e a tradicional CHAQUIRA, feita de lã finíssima com pingos de ouro e prata.
Além das roupas prontas para vestir, há também lã em madeixas, fios em carretéis, instrumentos de costura e tecidos de CHUSI (fibras de manguei ou agave) para confecção de almofadas, tapetes e esteiras. Atrás dos vendedores de tecidos, borbulhavam caldeirões de água fervente, usados para lavar roupa e para extrair gordura da lã a tingir. Ao lado, outros enormes tachos de barro onde se tingem peças de algodão. Faz-se o azul com folhas de índigo; amarelo, com cortiça; negro, com madeira de taro; vermelho, com sementes amazônicas e violeta com uma infusão de milho negro e cactos andinos. Combinando essas cores fundamentais, os tintureiros eram capazes de produzir centenas de outras cores secundárias.
Além do setor de vestuário, há o de objetos de couro, onde se trocam peles de animais selvagens, desde o puma do altiplano à colorida onça amazônica. Há couro de lebres e de pequenos carnívoros das montanhas, tapetes de pele de alpaca, correias, sandálias e fundas feitas com couro de pescoço de lhama.
Comercializa-se também madeira nobre da floresta, seja em troncos ou em pranchas, em infinitas variedades. Vendem-se vigas para telhados, pranchas para revestimento de pisos, tábuas para alambrados, estacas e marcos funerários, assim como arcas, tamboretes, bancos, teares e pequenos objetos de uso cotidiano, como colheres, espátulas, cachimbos, canudos, copos para cerveja de milho e qualquer outro objeto que se possa esculpir em madeira.
Não se comercializa ouro, já que o outro é sagrado, mas há prata e muita bijuteria. Delicadíssimas jóias criadas por artesão locais. Há quantidades de cântaros, pulseiras, braceletes incrustados com pedras preciosas, colares de contas coloridas, anéis, orelheiras, narigueiras e brincos. Trocam-se ágatas, esmeraldas, diamantes, turmalinas e objetos decorativos feitos de convincente ouropel.
Outro setor é o alimentício, com absoluta supremacia dos produtos vegetais. Há milho amarelo, grisáceo, violeta e roxo; milho de duas cores, de três cores; milho de todas as cores. Há milho de espigas longas, milho de espigas grossas, milho de espigas tortas e milho sem espiga alguma. Há milho costeiro, milho amazônico e soberbas espigas de milho branco, trazidas do Vale Sagrado do Urubamba. Vende-se milho cozido, tostado, em papa, seco e farinha de milho bruta e refinada. Há milho para broas e broas de milho já prontas, milho para preparar cerveja e muita cerveja de milho – a AKHA dos povos andinos. Cerveja com saliva de virgens impúberes, com mel, com raízes e com substâncias alucinógenas.
Também há mais de seiscentas e vinte e cinco variedades de tubérculos cultivados no Império. Há batatas doces, amargas e silvestres, em diferentes estágios de pré-cozimento ou de cocção. Assim como feijão em grão ou em vagem, amendoim cru e torrado, mandioca, tapioca e maniçoba, lúcumas, ananases, pequenos tomates andinos, graviolas, abacates, pinhas, goiabas, pepinos e diversas variedades de pimentas e ervas aromáticas. Vende-se sal em cristal, algas secas para a sopa e bolinhas de cal para mascar com a coca.
Nos açougues há quartos de lhamas frescos e salgados, coelhos, cuys (porquinho-da-índia), patos, perdizes, tórtolas, tordos e galináceos selvagens em charque ou par ao abate. Há tanques de rãs e sapos, e insetos comestíveis. Vende-se mel silvestre – pois o andino nunca aprendeu a domesticar abelhas – e peixes secos importados das colônias litorâneas.
A variedade de plantas medicinais do herbário nativo é inacreditável. Sob cabanas de totora atopetadas de recipientes de barro, os curandeiros vendem remédios para todos os males – agnas-agnas para secar tumores, huamanripa para a pneumonia, castanhas montesas contra disenteria, choclla, oca, mocomoco, pacal, milu, olluco, vilca, chicla e outras tantas plantas para diferentes males.
Há, também, remédios preparados à base de placenta, fetos e coração de lhamas, gordura de aves de rapina e infusões de pássaros canoros. Há poções à base de pó de conchas rosadas e também de estrelas-do-mar.contra palpitações e outras doenças cardíacas. O curandeiro ministras sangrias, extrai nódulos e quistos, cura ferimentos infeccionados e possui pedras de bezoar encontradas nas entranhas de animais silvestres, supostamente capazes de curar picadas de escorpião e serpente. Também vendem rapé, tabaco, drogas estupefacientes, infusões afrodisíacas, filtros de amor...
Apesar de muito concorrida, a feira é um lugar de silêncio. Não se ouvem gritos, nenhuma conversação exaltada. Os negociantes pouco falam, e quando o fazem, murmuram. As trocas são feitas através de olhares e gestos. As cifras são calculadas rápida e silenciosamente em ábacos chamados YUPANAS. Usam pesos, balanças e outras medidas para grãos e líquidos, instrumentos de precisão rigorosamente controlados pelos fiscais do Estado. Não há roubo, não há dolo. E raramente se vê alguém insatisfeito com os negócios.
Em sua modorra milenar, o puma observou a ocupação do vale por diversos grupos humanos. Assistiu, indiferente, à transformação dos pantanais em férteis campos de cultivo e testemunhou o crescimento do vilarejo em aldeia, depois em cidade e, finalmente, em grandiosa metrópole.
A Cuzco contemporânea está longe de ser a metrópole dourada dos tempos dos Incas, com mais de cem mil casas e quase trezentos mil habitantes...
Fica num vale que é apenas uma depressão relativamente plana em meio ao relevo acidentado da cordilheira. Estende-se por um corredor estreito, com seus quarenta quilômetros de comprimento, e está inteiramente cercado de montanhas. Os riachos que o atravessam brotam de arroios nas colinas vizinhas e correm para o oeste, rumo às encostas de um imponente nevado. Na direção posta, através de desfiladeiros, rugem as corredeiras de um rio inavegável. Aparentemente o vale está isolado do resto do mundo, enclausurado em uma bacia terminal, quase três mil e quinhentos metros acima do nível do mar, zona intermediária entre a sóbria vegetação serrana e a desolação dos picos andinos.
Nada induz à fixação do homem. O ar é rarefeito; a terra, sujeira a erosão, desmoronamentos e geadas, e há poucos terrenos adequados à agricultura. As estações alternam-se entre inundações e secas prolongadas, e a produção agrícola exige esforços sobre-humanos.
Cuzco fica no meio desse vale, com ruas retas e pavimentadas, edifícios simetricamente ordenados em grandes conjuntos arquitetônicos, e praças – cinco ao todo – amplas, cercadas de palácios de granito. Os riachos fluem por leitos calçados e os esgotos desembocam em acéquias sanitárias, permanentemente lavadas com água corrente e cristalina.
A cidade era protegida por uma extensa muralha de adobe, lembrança dos tempos sem que não passava de uma frágil aldeia agrícola, à mercê de possíveis invasores. Descendo a colina do Saqsayhuaman, encontram-se várias colunas cilíndricas: gnômones para o cálculo das efemérides solares, usando suas sombras para prever os solstícios e equinócios.
O cusquenho típico é atarracado smas forte, de peito largo, músculos compactos, bíceps curtos mas poderosos e panturilhas bem desenvolvidas pelo eterno esforço de subir e descer montanhas. A pele e dura, cor de jambo maduro. Tem o rosto ovalado, maxilares possantes, lábios largos e olhos negros e amendoados. Veste-se com apuro, coberto de adornos, alguns com orelheiras de prata, outros com orelheiras de ouro – nobres aparentados do imperador.
Fala-se muito nas ruas, mas o cusquenho é sábio e discreto, e expressa-se a meia-voz, sem espalhafato, como que saboreando as palavras de seu idioma.
Vêem-se também muito estrangeiros na Cuzco imperial. Cada nação do Império tem o seu representante na Cidade Sagrada, gente que não se diferencia muito do cuzquenho legítimo, a não ser pelos adornos que traz à cabeça para identificar sua origem.
No meio da cidade – o coração do Puma – encontra-se uma ampla praça, com um riacho dividindo-a em duas. E no centro dela, o luxo desmedido da topografia dos Andes: um monólito negro – USNU –, a Pedra da Guerra, símbolo dos invencíveis exércitos de Cuzco.
A metade de cima da praça é chamada de Huacaypata – a Praça dos Lamentos –, reservada aos ritos religiosos. A outra metade, é a Cusipata – ou Praça do Regozijo – e está cercada de plataformas de cultivo. Essa parte da praça é usada para as celebrações de triunfo e a feira de mercadorias.
Não é uma feira como outras. Há complexos procedimentos comerciais em que não se usa dinheiro e não existe uma divisão muito clara entre clientes e mercadores. Todos compram e todos vendem de tudo. A feira é um acontecimento social, um exercício de civilidades e um deslumbramento dos sentidos, já que na Cuzco imperial não havia gente pobre, e todos estavam muito habituados ao que havia de melhor no mundo.
No setor de vestuário, quase não se encontra o tecido de ABASCA (lã de alpaca), usado pela gente do povo. Ali reinava o algodão costeiro e o reluzente tecido de CUMBI (lã de vincunha), que enfeita a nobreza. Havia, também tecidos com reflexos furta-cor, tecido com plumas muito pequenas, do peito dos passarinhos, de cores vibrantes colocadas no cumbi de maneira que a pluma sobressaia à lã e a encobria. Encontrava-se, ainda, peças sedosas, mesclando lã de vincunha com pelo de morcego, e a tradicional CHAQUIRA, feita de lã finíssima com pingos de ouro e prata.
Além das roupas prontas para vestir, há também lã em madeixas, fios em carretéis, instrumentos de costura e tecidos de CHUSI (fibras de manguei ou agave) para confecção de almofadas, tapetes e esteiras. Atrás dos vendedores de tecidos, borbulhavam caldeirões de água fervente, usados para lavar roupa e para extrair gordura da lã a tingir. Ao lado, outros enormes tachos de barro onde se tingem peças de algodão. Faz-se o azul com folhas de índigo; amarelo, com cortiça; negro, com madeira de taro; vermelho, com sementes amazônicas e violeta com uma infusão de milho negro e cactos andinos. Combinando essas cores fundamentais, os tintureiros eram capazes de produzir centenas de outras cores secundárias.
Além do setor de vestuário, há o de objetos de couro, onde se trocam peles de animais selvagens, desde o puma do altiplano à colorida onça amazônica. Há couro de lebres e de pequenos carnívoros das montanhas, tapetes de pele de alpaca, correias, sandálias e fundas feitas com couro de pescoço de lhama.
Comercializa-se também madeira nobre da floresta, seja em troncos ou em pranchas, em infinitas variedades. Vendem-se vigas para telhados, pranchas para revestimento de pisos, tábuas para alambrados, estacas e marcos funerários, assim como arcas, tamboretes, bancos, teares e pequenos objetos de uso cotidiano, como colheres, espátulas, cachimbos, canudos, copos para cerveja de milho e qualquer outro objeto que se possa esculpir em madeira.
Não se comercializa ouro, já que o outro é sagrado, mas há prata e muita bijuteria. Delicadíssimas jóias criadas por artesão locais. Há quantidades de cântaros, pulseiras, braceletes incrustados com pedras preciosas, colares de contas coloridas, anéis, orelheiras, narigueiras e brincos. Trocam-se ágatas, esmeraldas, diamantes, turmalinas e objetos decorativos feitos de convincente ouropel.
Outro setor é o alimentício, com absoluta supremacia dos produtos vegetais. Há milho amarelo, grisáceo, violeta e roxo; milho de duas cores, de três cores; milho de todas as cores. Há milho de espigas longas, milho de espigas grossas, milho de espigas tortas e milho sem espiga alguma. Há milho costeiro, milho amazônico e soberbas espigas de milho branco, trazidas do Vale Sagrado do Urubamba. Vende-se milho cozido, tostado, em papa, seco e farinha de milho bruta e refinada. Há milho para broas e broas de milho já prontas, milho para preparar cerveja e muita cerveja de milho – a AKHA dos povos andinos. Cerveja com saliva de virgens impúberes, com mel, com raízes e com substâncias alucinógenas.
Também há mais de seiscentas e vinte e cinco variedades de tubérculos cultivados no Império. Há batatas doces, amargas e silvestres, em diferentes estágios de pré-cozimento ou de cocção. Assim como feijão em grão ou em vagem, amendoim cru e torrado, mandioca, tapioca e maniçoba, lúcumas, ananases, pequenos tomates andinos, graviolas, abacates, pinhas, goiabas, pepinos e diversas variedades de pimentas e ervas aromáticas. Vende-se sal em cristal, algas secas para a sopa e bolinhas de cal para mascar com a coca.
Nos açougues há quartos de lhamas frescos e salgados, coelhos, cuys (porquinho-da-índia), patos, perdizes, tórtolas, tordos e galináceos selvagens em charque ou par ao abate. Há tanques de rãs e sapos, e insetos comestíveis. Vende-se mel silvestre – pois o andino nunca aprendeu a domesticar abelhas – e peixes secos importados das colônias litorâneas.
A variedade de plantas medicinais do herbário nativo é inacreditável. Sob cabanas de totora atopetadas de recipientes de barro, os curandeiros vendem remédios para todos os males – agnas-agnas para secar tumores, huamanripa para a pneumonia, castanhas montesas contra disenteria, choclla, oca, mocomoco, pacal, milu, olluco, vilca, chicla e outras tantas plantas para diferentes males.
Há, também, remédios preparados à base de placenta, fetos e coração de lhamas, gordura de aves de rapina e infusões de pássaros canoros. Há poções à base de pó de conchas rosadas e também de estrelas-do-mar.contra palpitações e outras doenças cardíacas. O curandeiro ministras sangrias, extrai nódulos e quistos, cura ferimentos infeccionados e possui pedras de bezoar encontradas nas entranhas de animais silvestres, supostamente capazes de curar picadas de escorpião e serpente. Também vendem rapé, tabaco, drogas estupefacientes, infusões afrodisíacas, filtros de amor...
Apesar de muito concorrida, a feira é um lugar de silêncio. Não se ouvem gritos, nenhuma conversação exaltada. Os negociantes pouco falam, e quando o fazem, murmuram. As trocas são feitas através de olhares e gestos. As cifras são calculadas rápida e silenciosamente em ábacos chamados YUPANAS. Usam pesos, balanças e outras medidas para grãos e líquidos, instrumentos de precisão rigorosamente controlados pelos fiscais do Estado. Não há roubo, não há dolo. E raramente se vê alguém insatisfeito com os negócios.
Baseado no texto de Alexandre Raposo