terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

CH'ALLA


A TRADIÇÃO

Num contexto de festa e alegria, os povos andinos mantêm o antigo ritual de CH’ALLA, ou seja, uma oferenda a Pachamama e aos Espíritos da natureza realizada na terça-feira de carnaval.

A ch’alla começa cedo, na manhã de terça-feira, com queima de fogos, fogueiras e toques de tambor para saudar Pachamama e os Espíritos da natureza. Uma oferta de chicha (cerveja de milho) é colocada em uma concha e apresentada a Pachamama; depois, parte dela é derramada como oferenda, na direção do sol, e bebe-se um brinde. Repete-se o ritual aos Espíritos que convivem conosco no mesmo tempo e o espaço, e sem os quais não existiria a dimensão em que estes vivemos. Antigamente, um feto de lhama também era oferecido a Pachamama nessa ocasião.

Após isso, abençoa-se a casa, começando por aspergir a bebida na porta de entrada, pedindo proteção e prosperidade, pois é ali que o Espírito da Casa habita. Abençoa-se, da mesma forma, o altar doméstico, as máquinas de costura, o carro, os objetos pessoais, o material de trabalho e tudo que for importante, consagrando-os a Pachamama e aos Espíritos.

Por fim, repete-se o mesmo ritual na praça, onde um pequeno pedaço de terra é cercado simbolicamente com serpentina para reverenciar e oferecer presentes à Mãe-Terra, entre eles bebida alcoólica, confetes, doces, incenso, etc.

MORALES CELEBRA A CH'ALLA

O presidente Evo Morales celebrou hoje o ritual da ch'alla na sede do Palácio de Governo para abençoar seu "local de trabalho", como manda a tradição na Bolívia. Morales explicou que realizou o rito porque desde sua infância ensinaram a ele que no carnaval faz-se "ch'alla" no local do trabalho como oferenda à Pachamama - a Mãe Terra -, segundo uma tradição da cultura aimará, etnia à qual pertence.

"(...) O palácio está em território aimará, temos a obrigação de fazer este rito à Mãe Terra", acrescentou o presidente durante um breve discurso.

Morales também lembrou que em seus tempos de juventude, quando ganhava a vida como trompetista na cidade de Oruro, chegou a participar da ch'alla de uma fábrica de biscoitos em uma sexta-feira de carnaval.

Pouco depois do ritual, no qual se queimou álcool e incenso em oferenda à Mãe Terra, as portas do Palácio se transformaram em um autêntico baile de carnaval.

ANO NOVO MAIA


Na Guatemala, a população de origem maia participa de ritual para comemorar o Ano Novo Maia no sítio arqueológico de Iximche.

De acordo com a tradição maia, neste domingo (dia 22) iniciou-se o ano 5123.

Acompanhados de um guia espiritual, os remanescentes desse povo, rezaram, jogaram incenso branco no fogo. Velas foram espalhadas pelo chão. Músicos celebravam tocando, dançando e agitando bandeiras, vestidos com trajes típicos.
O calendário solar maia tem a função de contar o tempo com base no registro das mudanças sazonais e sua relação com atividades como a colheita e vida civil dos povos. A celebração de final do ano e início de outro fazia parte da vida espiritual e civil dos maias. Atualmente, os descendentes buscam resgatar, revalorizar e divulgar o calendário de seu povo.

O ano maia é dividido em 18 meses de 20 dias cada um, seguidos por um um período de cinco dias chamado Wayeb’. Ao todo, são 365,24 dias. Cada Ab’ (ano), que significa hamaca, equivale a uma rotação da Terra em torno do sol, de acordo com o livro Ciência Maia aplicada à educação pré-primária e primária, do Conselho Nacional de Educação Maia. Ele também representa a sincronia entre as energias do cosmo e da natureza.

Fonte: National Geographic Brasil

domingo, 22 de fevereiro de 2009

ESPECIALISTAS EM ÍNDIOS...

Conscientes das nossas responsabilidades, enquanto indígena cidadão brasileiro, na construção cidadania indígena o crescimento do País, minha geração de jovens índios, valentes guerreiros optou pela EDUCAÇÃO, como forma de enfrentamento dos problemas crescentes em nossas aldeias.

No início poderíamos ser contados nos dedos das mãos, (dias difíceis aqueles, mas vencemos!), nossos ideais foi ganhando crédito, hoje, temos mais de 500 jovens acadêmicos indígenas no Estado de Mato Grosso do Sul, destes, 180 são do curso de ciências jurídicas, futuros operadores do direito e o número de acadêmicos continua crescendo.

É certo que temos grande oposição dos apadrinhados políticos, que insistem em nos desqualificar perante a opinião pública, cooptam alguns índios pseudo-líderes e os legitimam para servirem os seus intentos. São os "donos dos índios", que insistem em tentar nos desqualificar dizendo que não somos mais índios, tentam nos deslegitimar dizendo os índios são contrárias as nossas idéias.

Os ‘donos dos índios’, são alguns agentes do Estado que na maioria das vezes são nomeados pelos famosos padrinhos políticos, não tendo qualificação ou quando tem, não simpatiza com a causa indígena. Esses "donos dos índios" quando expomos nossos pensamentos em busca de soluções possíveis para as nossas aldeias, com o know how de quem vivencia e sente na pele os problemas, nos contestam porque tem medo de perder seus empregos (teta). Intitulam-se "especialistas em índios", donos do bem e do mal.
Uma verdadeira máfia de "protetores" se movimentam nos meandros da política nacional fundando ONGs, através da qual recebem dinheiro público para ações nas Aldeias que nunca chegam a seu destino; propõe a demarcação de milhões de hectares de terras, quando na verdade sabem ser totalmente impossível, servindo apenas para denegrir a já caótica imagem do índio junto à sociedade. Hoje, em pleno século XXI, querem nos impor a pecha de bugres, infiel, desordeiro e por fim agora até canibais.

Em todas essas ações, esses verdadeiros "Urubus" que vivem sobre a desgraça dos nossos povos, recebem sempre uma boa paga para perpetrar a destruição de nossa gente; são diárias, hotéis de luxo, honorários de "consultoria", "locação" de veículos, pagamento de "RPAs", "auxilio" financeiro etc e etc.

Aproveitam-se da ingenuidade de alguns índios, arregimentam grupos e os instigam a protestos descabidos em rodovias contra seus desafetos políticos, ou em propriedade que sabem, jamais serão dos índios.

Ignoram a declaração da ONU que diz: Art. 3º Os povos indígenas têm direito à livre determinação. Em virtude desse direito, determinam livremente sua condição política e perseguem livremente seu desenvolvimento econômico social e cultural.

Em nenhum momento nós os índios com formação ou em formação, fomos chamados a participar do processo demarcatório, que alias, já está enchendo! Nós os índios precisamos de ampliação de nossas Aldeias, sim! Todos sabem que estamos confinados em minúsculos territórios, mas daí, a cogitarem a demarcação de milhões de hectares, quando ao longo de mais de vinte anos não nos garantiram sequer a ínfima área do Nhanderú Marangatú ou do Lima Campo dentre outras.

Parece-me que propositadamente fizeram todo aquele alarde por ocasião do pleito eleitoral, com objetivo eleitoreiro e por "tabela" promover uma manifesta degradação do Índio junto à sociedade, é bom que se diga, nestes anos de luta pela demarcação após a Constituição de 88, 20 anos se passaram muitos lideres foram assassinados a tiros, perderam suas vidas como a rezadeira Churite Lopes de 70 anos, sonhando em um pedacinho de chão que pudesse legar aos seus descendentes.

Já os "especialistas" em índios, ongueiros, urubus, parasitas; nenhum deles perderam suas vidas ao contrário ganharam suas vidas R$ e, mas R$ constituíram da desgraça de nossos povos um negócio altamente lucrativo para suas proles. As regionais do Órgão tutor se transformaram em verdadeiros feudos, bem nas barbas de que tem o dever constitucional de nos defender.
Tenho sido duramente criticado, por alguns apadrinhados políticos, semi-analfabeto que posam de "doutores", pela minha insistente apologia ao meu povo. Senão vejamos: Sou nascido e criado na Aldeia Jaguapirú, onde resido, aqui estão vivendo meus pais; meus irmãos; meus tios; meus avós, que alias deram a vida pela demarcação desta aldeia; todos meus parentes afins e agora meus netos, e estes desavisados ousam a dizer que estão buscando a proteção do meu povo é muita petulância.

Esses "especialistas em índios" invadem nossas aldeias sem ser convidados, e passam a fazer experiências como se fôssemos ratos de laboratórios e, aí daquele indígena que ousar discordar dos seus intentos. Estes intrusos, a grande maioria está inserida nas políticas de governo nas três esferas. (existem agentes públicos bons embora raros, mas, estou falando dos maus). A sociedade organizada precisa nos ajudar a expurgar esses parasitas nocivos ao desenvolvimento das nossas comunidades!

Wilson Matos da Silva, para "O Progresso", Dourados-MS
Índio residente na Aldeia Jaguapirú, advogado, presidente da CEAI/OABMS (Comissão especial de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do MS)

WIPHALA


Bolívia: bandeira indígena motiva nova disputa entre Governo e oposição
La Paz, EFE

A nova Constituição da Bolívia fez da WIPHALA, tradicional bandeira indígena, um dos símbolos oficiais do Estado plurinacional, mas também gerou polêmica nas regiões opositoras ao presidente Evo Morales.

Os departamentos de Santa Cruz (leste) e Tarija (sul) rejeitam colocar a wiphala ao lado da bandeira nacional nos prédios públicos, argumentando que não representa sua cultura, confirmaram hoje à Agência Efe representantes dessas regiões. Já Oruro (oeste) e Cochabamba (centro) foram as primeiras regiões a içar a bandeira de forma solene em suas sedes oficiais.

No dia 7 de fevereiro, Morales promulgou a nova Carta Magna, que em seu artigo 6.2 detalha que os símbolos do país são sua bandeira tradicional, o hino boliviano, o escudo de armas, a wiphala, a flor de kantuta (típica dos Andes) e a flor do patujú (comum no leste).

O ministro de Culturas boliviano, Pablo Groux, disse que há muitas teorias sobre o significado desta bandeira, mas a mais aceita é de que representa o "multiculturalismo da área andina", e por isso é "um símbolo dos povos indígenas" e, agora, dos bolivianos.
Apesar disso, as autoridades de regiões opositoras a Morales não se sentem representadas na bandeira indígena, e decidiram não içá-la em seus prédios públicos. "Nós, de Santa Cruz, não reconhecemos a wiphala", disse hoje à Efe o secretário de Autonomias da Prefeitura, Carlos Dabdoub. Segundo Dabdoub, a única bandeira que representa todos os bolivianos é a oficial da Bolívia. Outros líderes regionais, como o presidente do Conselho Municipal de Santa Cruz, Enrique Landívar, são mais enfáticos no momento de recusar o uso da bandeira indígena: "Essa bandeira representa à cultura do oeste da Bolívia, não a nossa. Nós mantemos nossos símbolos", afirmou.

Apesar de este novo símbolo nacional aparecer na Constituição promulgada recentemente, a falta de uma norma específica sobre a matéria faz com que apenas alguns locais do país tenham adotado a wiphala em suas sedes oficiais.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O FENÔMENO HUGO CHAVES


Durante seu primeiro mandato, o presidente George W.Bush se preocupou apenas em como controlar o petróleo do oriente médio. Com o inverídico argumento de que o Iraque dispunha de armas de destruição em massa, os EUA invadiram aquele país e se atolaram numa resistência que vem assombrando os "falcões" da casa branca, entre os quais se pode citar a Secretária de Estado Condoleezza Rice.

Em seu segundo mandato, Bush filho decidiu olhar com mais cuidado para a América latina, tendo enviado no final de abril sua Secretária de Estado ao Brasil, Colômbia, Chile e El Salvador, a fim de cooptar aliados contra o Presidente Venezuelano Hugo Chaves. Sem uma verdadeira avaliação do que ocorre na Venezuela, tampouco no restante da Ibero-América, os EUA julgaram suficiente apoiar o golpe de Estado contra Chaves ocorrido em 2002, que veio a fracassar por causa da tecnologia. Os perpetradores do golpe controlaram a TV Estatal e as privadas, e fizeram um pronunciamento dizendo que Chaves havia renunciado, quando na verdade tinha sido sequestrado pelos golpistas, porém a TV a cabo deu a notícia de que Chaves não havia renunciado, mas estava preso em poder de golpistas. Então, o povo Venezuelano, imediantamente, saiu às ruas e começou a protestar, tendo inclusive cercado o palácio presindencial de Miraflores, exigindo a volta de Chaves. Os militares ao verem o povo ao lado do Presidente Chaves, prontamente deixaram de apoiar os golpistas. O resultado foi que o golpe fracassou, mesmo com o apoio dos EUA, tendo Chaves voltado ao poder aos gritos do povo, muitos em meio a lágrimas, cantando: "Voltou! Voltou! Voltou! Voltou!". Ademais, mesmo após o fracassado golpe, Chaves ainda se submeteu a um referendo popular para ver se continuaria no poder, tendo vencido os oposicionistas de forma legítima e contundente.

A verdade é que Washington está de olho é no petróleo venezuelano e reconheceu que errou ao deixar a América Latina de lado, tendo percebido tardiamente que não tem mais um títere à frente daquele país.

Os EUA estão agindo, por enquanto, diplomaticamente para isolar Hugo Chaves. Infelizmente o Brasil não está percebendo que sua liderança na Ibero-América está ameaçada, não pela Argentina, mas pela Venezuela, simplesmente pelo fato do Brasil estar em cima do muro. Os chamados "CB - Círculos Bolivarianos", que defendem o Presidente Chaves, principalmente contra a interferência estadunidense na Venezuela, estão se espalhando por todo o continente americano, já contando com mais de vinte CB nos EUA e Canadá inclusive; São Paulo e Rio de Janeiro já possuem fortes Círculos Bolivarianos. Ou o Brasil sai de cima do muro, ou perderá a liderança para a Venezuela!

O Brasil não pode agradar aos EUA e a Venezuela ao mesmo tempo! O Brasil precisa apoiar a democracia e o melhor conceito de democracia é o que afirma se tratar de um regime político em que o meio para constituir governantes é o voto popular, portanto tendo Chaves vencido as eleições e o referendo, qualquer argumentação contrária à sua legitimidade constitui apologia a golpe de Estado. É bom lembrar que até mesmo FHC proferiu declarações contrárias ao golpe contra Hugo Chaves.

A Venezuela só está passando para o lado de Cuba, porque o Brasil não se decide. Chaves sabe que precisa de aliados e a pusilanimidade da diplomacia brasileira o força a ir para o braços de Fidel Castro. Hugo Chaves não tem passado histórico de esquerdista. Ele tem um passado militar-nacionalista, tipicamente latino-americano, entretanto tem se posicionado à esquerda, repito, devido à carência de aliados. Quem tem acompanhado a Venezuela, tem percebido que o apoio popular ao Presindente Hugo Chaves, não só internamente, mas também por todo o continente tem sido crescente, principalmente mediante os "Circulos Bolivarianos" que vêm se espalhando pelo continente americano.

Portanto, cabe ao Brasil decidir: continuar como lacaio dos yankees ou ser protagonista de uma nova ordem latino-americana, baseada nos alicerces da democracia e da moderna tecnologia, capaz inclusive de levar ao fracasso os famigerados golpes de Estado.

Por MELQUISEDEC NASCIMENTO
Presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (AMAE)