De acordo
com os cronistas Pedro Sarmiento de Gamboa e Miguel Cabello Valboa, por volta
de 1465, o nono Sapa Inca e terceiro imperador do Tahuantinsuyu, TUPAC YUPANQUI (também chamado de Topa Inca ou Tupac Inca Yupanqui) organizou uma expedição marítima, partindo do
porto de Manta (atual Equador) em direção à Oceania. Na volta, teria chegado à
Ilha de Páscoa.
Tupac
Yupanqui teria cerca de 25 anos quando se lançou a esta aventura, com 2.200
pessoas em uma frota de 150 balsas feitas de troncos, típicas da costa
equatoriana, em cuja parte central havia um cômodo, de onde se manobrava uma
vara chamada “guara”, formando um leme
“No começo foi difícil
provar que a viagem teria acontecido,
mas agora difícil é provar que isso
não aconteceu dada a quantidade de evidências", informa o historiador peruano José
de Busto Duthurburu, que começou há 33
anos os primeiros passos de sua
investigação dentro de um estudo
mais amplo para reivindicar a figura
histórica de Tupac Yupanqui.
Catedrático e escritor, mas acima de tudo um marinheiro inveterado, Busto
propoe que o Inca chegou primeiro para as ilhas Mangareva, no atual arquipélago
Gambier, e , na volta, passou pela Ilha de Páscoa, concluindo uma travessia de cerca
de 8.000 milhas náuticas que durou de 9 a 12 meses.
A ilha Mangareva o teria impressionado por sua paisagem, mas decepcionado com a sua falta de riqueza. Teria permanecido lá
apenas tempo suficiente para explorar o lugar e reconstruir seus barcos, antes de começar a viagem de volta e, então, encontrar
Páscoa.
A investigação recolheu
dados dos cronistas
da época da conquista, começando por Pedro
Pizarro, passando por muitas outras versões até chegar à do
navegante noruegues Thor Heyerdahl, que em 1947 fez a viagem de ida de Yupanqui,
partindo da costa peruana em uma jangada a vela chamada Kon Tiki.
Depois disso, se algo ficou para comprovação posterior,
foi a viagem de retorno passando pela Ilha de Páscoa, que
dista cerca de 3.000 km da costa central do Chile.
Dessa expedição,
Tupac Yupanqui trouxe ossos de animais desconhecidos no Tahuantinsuyu, metais
finos e, sobretudo, os primeiros homens negros que pisaram no Peru antigo.
Salvo traços negróides que aparecem na cerâmica mochica (costa norte peruana),
não temos nenhuma outra notícia de negros na América do Sul pré-colombiana. Não
se sabe se aqueles que vieram com Yupanqui deixaram descendentes; o mais
provável é que tenham todos morrido de frio ou de suas consequências, posto que
estavam adaptados a águas quentes.
Segundo alguns historiadores, as maiores evidências da passagem de Yupanqui pela Oceania são a existência,
ainda hoje, de um estreito chamado Te Ava Nui ou Tupã em
Mangareva; a lenda de Tupa, que, de acordo com o relato
de Pal Rivet, foi um grande chefe que chegou com uma frota de
jangadas; e a dança em homenagem
ao lendário rei Tupa.
Além disso, na Ilha de Páscoa, encontrou-se em Vinapú uma fachada em ruínas com alguns traços da arquitetura inca, e a lenda de
Uho, que conta a história de um país situado "além do nascer do sol". Segundo o
estudioso chileno Ramón Campbell, "trata-se
da donzela Uho solteira, que entrega seu corpo ao amor de
uma tartaruga com a condição de que esta a leve através do mar para a terra que é uma evocação poética ao Império Inca".
Tupac Yupanqui foi um autêntico conquistador: por duas vezes
estendeu o território de seu império para além do Trópico de Capricórnio e
empreendeu sua aventura marítima apenas como descobridor.
Baseado
em tesdo de Oscar Zamalloa
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