O altiplano
boliviano guarda em seu deserto arenoso, próximo ao lago Titicaca, a
aproximadamente 4000 m de altitude, uma das obras mais misteriosas construídas
pela mão do homem: TIAHUANACO.
Estudos
baseados no eixo de inclinação da terra, levando em consideração a posição do
sol, e o ângulo que as pedras das ruínas de Tiahuanaco apresentam durante um
dia completo de sol, levaram o erudito boliviano Arthur Posnansky a calcular a
idade da cidade de Tiahuanaco em 17 mil anos. Alguns anos depois e com a
tecnologia astronômica mais avançada, novos cálculos foram feitos, dando a
Tiahuanaco uma idade mais certa e, sem dúvida não menos interessante que a de
Posnansky: 12 mil anos. O suficiente
para alça-la ao status da CIDADE MAIS
ANTIGA DO MUNDO!
Mas
o que dizer sobre essa cidade que talvez guarde o segredo dos primeiros
habitantes da América do Sul? Quem a construiu? Quem eram os tiahuanaquenhos? A
resposta a essas perguntas gera ainda muita polêmica e algumas histórias um
pouco fantasiosas. No momento, só temo suma certeza: a origem de Tiahuanaco
encontra-se a milênios no passado.
Quando
os espanhóis chegaram nos Andes, perguntaram aos Incas se eles haviam
construído a cidade de Tiahuanaco e, para grande surpresa, a resposta foi
“NÃO!”. E mais: afirmaram que eles já conheceram a antiga cidade como ruínas.
Sabe-se, ainda, que os Aymaras,
precedentes dos Incas e um dos povos mais antigos dos Andes, não atribuíam a si
à construção da cidade. Pelo contrário: diziam que ela pertencia aos primeiros
habitantes da terra, aqueles que haviam sido criados antes do sol, da lua e das
estrelas.
Mitos
a parte, pouco se sabe sobre os primeiros habitantes desta misteriosa cidade,
como viviam, como se comportavam, quais eram seus hábitos. O que sabemos é que
deixaram um legado histórico incompleto sobre os seus costumes e uma lista de
mistérios que muitos até hoje tentam decifrar.
Em
seu livro "Eine prahistoriche Metropole in Sud América" (Uma
metrópole pré-histórica na América do Sul), Posnansky fazia notar que o
Wiraqocha, "Deus encarnado", segundo a mitologia andina teria
aparecido no lago sagrado – Titicaca – e ali fundou a nova terra logo depois do
dilúvio. Posnansky sustenta que Tiahuanaco teria sido construída antes desse
acontecimento – que ele situava em 9.500 a.C. De acordo com o austríaco, quando
a cidade foi construída ficava à beira do lago. Só após os transtornos do
dilúvio,o lago abaixou seu nível em aproximadamente 34 metros, privando assim a
função portuária que era estava na origem da cidade.
As
três construções mais importantes de Tiahuanaco são a pirâmide de AKAPANA, o templo KALASASAYA, o templo PUMA
PUNKU e o TEMPLO SEMI-SUBTERRÂNEO.
É
possível que Akapana fosse uma
pirâmide com terraços escalonados, utilizada como fortaleza pelos antigos
habitantes de Tiahuanaco. Os Aymaras o chamam de “Castillo” (Castelo). Já no
século XVIII foi concedida ao espanhol Oyaldeburu o direito de efetuar
escavações em Akapana, em busca de um suposto tesouro inca em seu interior.
Foram encontrados condutos ou caminhos no interior da construção, mas nenhum
tesouro. Uma das hipóteses sobre a construção desses canais, foi a de dar
escoamento ao fluxo de água, de um grande lago artificial que havia em seu
topo. Na opinião de Posnansky, os condutos de Akapana estariam conectados com
outras estruturas de pedra encontradas na direção do lago.
O
templo Kalasasaya, de 137 x 122 m,
foi construído no eixo leste-oeste. Era, na opinião de Posnansky, um
observatório astronômico de pedra. Ele demonstrou que os onze pilares que
sustentavam a parede ocidental do templo marcam determinados dias do ano entre
os dois solstícios. Dessa forma, os peritos e sábios tiahuanacos podiam
determinar seus 20 meses.
Para tal, o edifício precisou ser orientado com precisão
para o meridiano, largura e comprimento, sendo ajustados ao ângulo máximo de
declinação do sol entre os solstícios. Foi justamente esse estudo de Kalasasaya,
que levou a Posnansky a surpreendentes conclusões sobre a época da construção
da cidade: enquanto media a distância e os ângulos entre os pontos dos
solstícios, percebeu de que a estrutura mesma do templo indicava uma inclinação
da Terra em relação ao Sol de 23º 8´48" que não coincide com a inclinação
eclíptica de 23º 5`. Conferindo com as indicações da Conferência Internacional
das Efemérides de Paris (1911), a inclinação de 23º 8`48" da eclíptica
corresponde a mais ou menos 15.000 anos a.C.
A
incrível Porta do Sol, um dos mais
conhecidos monumento de Tiahuanaco, é sem dúvida a maior obra dos primeiros
povos andinos: um portal monolítico esculpido em uma grande pedra vulcânica com
três metros de altura, quatro metros de largura e um metro de espessura, com o
peso de 10 toneladas e cheia de símbolos desenhados em baixo relevo.Posnansky
a estudou a fundo, afirmando que ela representava um calendário de vinte meses,
sendo a figura central (reconhecida pela maioria dos especialistas como
Wiraqocha) associada ao equinócio da primavera ou seja setembro no Hemisfério
Sul – início do ano tiahunaco. A Porta do Sol, em conjunto com a parede do
Kalasasaya, formavam, além do calendário solar, um complexo calendário lunar.
Relação entre a muralha de Pilares do Kalasasaya e a Porta do Sol |
Imagem animada de "Las Caminantes" |
Os 20 meses esculpidos na Porta do Sol |
Em
frente à entrada principal do templo Kalasasaya existe uma praça a uns dois
metros abaixo do terreno, conhecida como Templo
semi-subterráneo. Nas paredes desta praça existem 48 litoesculturas
cefaliformes que representam cabeças antopomorfas e zoomorfas. A maioria destas
últimas são totens felinos, mas também tem representações de peixes. O
significado destas culturas cefaliformes encontra-se nos cultos totêmicos ,
muito importantes nas culturas arcaicas.
No
centro de esta área semi-subterrânea existe um monólito, que chamamos Kon-Tiki: escultura antropomorfa com
uma barba, o que é um enigma para os experts,
uma vez que os indígenas do Novo Mundo em sua maioria não têm barba. Hoje em
dia acredita-se que Kon-Tiki seja outra representação de Wiraqocha.
Se
Posnansky estiver correto e Tiahuanaco foi realmente construída quinze milênios
antes de Cristo, não somente a história do Novo Mundo, mas toda a história
humana deveria ser reescrita.
Baseado
em texto de Chalil Costa e de Yuri Leveratto
Nenhum comentário:
Postar um comentário