sexta-feira, 27 de setembro de 2013

SHAWANAWA, o Povo Arara


O POVO ARARA é oriundo da família lingüística Pano. Seu território localiza-se no município de Marechal Thaumaturgo, Ac, com uma população de 378 pessoas, numa área delimitada e demarcada de 28.926 ha. Esse povo se autodenomina JAMINAWA ARARA e é conhecido também por Shawanawa, Arara, Xawanaúa, Xawaná-wa, Chauã-nau, Ararapina, Ararawa, Araraná, Ararauá e Tachinauá. Sua organização espacial no interior da terra indígena está distribuída em uma aldeia – Sirqueira – e três comunidades – Bom Futuro, Buritizal e São Sebastião. Estes formam grandes conglomerados populacionais com residências nas aldeias e comunidades. Esta forma de ocupação permite maior facilidade para transportar os produtos de primeira necessidade e facilitar no deslocamento até as cidades. Além disso, há também a predominância de fatores culturais e produtivos, bem como diferenças entre grupos, levando-os a permanecerem em aldeias distintas. Mais do que isso, tal distribuição espacial favorece as atividades de subsistência, diminuindo as dificuldades para o transporte de doentes, mas traz a escáces de caça, pesca, prática da coleta e agricultura por viver socialmente juntos para facilitar o convívio grupal.

Segundo a história oral dos Arara e as fontes históricas sobre o Alto Juruá, o contato entre esse povo e os não-índios só ocorreu no início do século XX. Mais precisamente em 1905, período em que estava sendo aberta uma estrada que iria ligar Cocamera, no Tarauacá, a Cruzeiro do Sul. Foi quando Felizardo Cerqueira e Ângelo Ferreira conseguiram, juntamente com índios Yawanawa, Rununawa e Iskunawa, estabelecem contato com os Arara que estavam localizados na região do igarapé Forquilha afluente da margem esquerda do riozinho da Liberdade e estes entraram em contato com os índios do Rio bagé e Riozinho Cruzeiro do Vale. Nesse período, os Arara residiam com os índios Rununawa, sendo todos liderados pelo célebre tuxaua Tescon, que era casado com a filha de um tuxaua Arara.

O padre francês Constantino Tastevin esteve no Alto Juruá, depois de 1912, deixando por escrito relatos da região e dos habitantes nativos. Em tais relatos, Tastevin faz uma distinção entre os Arara do Tauari e os do Forquilha, dando a entender que os Arara estavam divididos em mais de um grupo, ou em diferentes aldeias de um mesmo grupo. Tastevin relata, ainda, as constantes guerras intertribais travadas pelos Arara no início do século XX. Sabe-se que os Arara empreendiam migrações ao longo dos rios Tejo, Bagé, Liberdade e Amahuaca (riozinho Cruzeiro do Vale). Desses deslocamentos ocorreu o combate que resultou na morte de Tescon, em 1914, devido a um conflito com os Arara. Após a morte de Tescon, ocorreram ainda vários conflitos envolvendo o grupo que era liderado por ele, obrigando, assim, os Arara a migrarem para as proximidades dos rios Bajé, Tejo, Gregório e o riozinho Cruzeiro do Vale.

A história, a lembrança dos antigos, têm muita importância para o povo Arara, e as informações relativas a eles, em geral, estão vinculadas às correrias, às guerras intertribais, ao parentesco, à organização social, aos costumes tradicionais, às práticas de secessão e às migrações do grupo por um vasto território. Nem todo são araras , devido às guerras e aos casamentos intertribais que fizeram com que indivíduos de outros povos passassem a fazer parte da Nação Arara.

A região atualmente habitada pelo povo indígena Arara era território dos grupos Pano, desde o período pré-cabralino, mas a partir de meados do século XIX, passou a ser ocupada também por exploradores e comerciantes vindos de Belém, Manaus e centros urbanos localizados ao longo do rio Solimões. Entretanto, a exploração e ocupação efetiva da região do Alto Juruá, ocorreu apenas nas duas últimas décadas do século XIX, após vários embates com os grupos indígenas da região. Nesse período, a região foi povoada principalmente por migrantes oriundos do Nordeste brasileiro. Em fins da última década do século XIX, o Alto Juruá já estava povoado por brasileiros, quando peruanos “caucheiros” ocuparam a região.

Ao longo da segunda metade do século XX, os Arara estiveram sob o jugo dos patrões. No final da década de 1980 ao início da de 1990, muitos Arara migraram para as cidades, principalmente Cruzeiro do Sul, devido às precárias condições de vida na terra indígena. Os longos anos de ocupação por não-índios, fez mudar o antigo padrão de vida dos Arara.

No entanto, mesmo subjugados pelos patrões, a atividade produtiva voltada para a produção da borracha e a dependência do sistema de barracões, os Arara não abandonaram costumes tradicionais como a caça, a pesca, a agricultura e a coleta. Decorrente do processo de colonização, instrumentos novos foram inseridos a essas atividades, como machado, terçado, enxada, espingarda e outros. Com isso, o povo Arara agregou habilidades como o uso de arma de fogo a uma série de conhecimentos tradicionais sobre a floresta e sua fauna, e sobre os modos de como um caçador obter sucesso em sua atividade.

Na produção econômica atual também criam animais destinados ao consumo familiar ou à venda. As atividades de coleta destinam-se à colheita de frutos silvestres para completar alimentação, de produtos medicinais, temperos para os alimentos, óleos vegetais e outros. Cultivam vários tipos de mandioca, milho, banana, mamão, cana-de-açúcar, inhame, cará, feijão, fava branca, arroz, batata-doce, plantas medicinais e temperos.

Os Arara produzem também artesanato que, antes da dominação imposta pelos não-índios, era confeccionado em grande escala, inclusive utensílios domésticos, adornos e armas de caça e pesca. Alguns produtos artesanais como anéis, pulseiras, colares e bolsas de tecido são comercializados . Os igarapés Braço Esquerda e Rio Bagé, são de extrema importância para o bem-estar econômico e cultural dos Arara. Seus afluentes e respectivas cabeceiras coincidem com os limites da terra indígena, região onde são exercidas atividades de caça, pesca, coleta e agricultura.

Os rituais Arara possuem um forte vínculo com a cosmologia, mas são principalmente os mitos que retratam melhor os aspectos cosmológicos do grupo. Os mitos, contados principalmente pelos mais velhos, vêm a ser a forma própria de transmissão do saber do povo. A narrativa dos mitos se dá nas línguas Arara ou em português.

A tradição e o saber Arara dependem da preservação da sua terra, que vem sofrendo constantes invasões por regionais, causando conflitos latifundiários com a caça predatória. Por este motivo se faz Urgentes controle, pois esta é a única forma possível de se garantir a liberdade e o direito de viver desse povo, O Povo Shãwanawa ou Jaminawa Arara, encontra-se na Terra Indígena jaminawa-Arara no Rio Bagé munícipio de Marechal Thaumaturgo este território é reconhecido pelo governo estadual e federal. Esta terra é habitada por 378 pessoas em quatro aldeias do Clã Shawã, que em sua língua significa Arara.

Estes ocupam uma área de 28.926 ha, seu território continua preservado assim como sua cultura.

Texto de Hundu Shawanawa

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