domingo, 21 de junho de 2009

INTI RAYMI


INTI RAYMI (em quéchua, Festa do Sol) é um festival religioso incaico em homenagem a INTI, o Deus Sol. Marca o solstício de inverno do hemisfério sul, no dia 24 de junho de cada ano – considerado o dia mais frio nos Andes. Esse dia também comemora o nascimento de Manco Capac e Mama Ocllo e a fundação da cidade de Cusco, equivalendo a um “ano novo inca”. É, portanto, a festa nacional inca por excelência!

Os preparativos começavam no Qorikancha (Templo do Sol), na Acllawasi (Casa de Mulheres Escolhidas) e em Huacaypata (a praça principal de Cuzco, hoje chamada de Praça de Armas).

Três dias antes da festa, se apagava todo fogo ou tição em toda a extensão do Tahuantinsuyo. Não era permitido cozinhar e, portanto, todo o povo fazia jejum – alimentando-se só de vegetais, água e milho seco.

Na madrugada do dia 24 de junho, o Sapa Inca (inca supremo), como Intiq Churin (Filho do Sol) e o Intip Yanan (Sacerdote do Sol) se dirigiam para a Haucaypata, através da Intik Iqllu (Rua do Sol, atual Rua Loreto), acompanhados pelos generais, príncipes e toda a nobreza, vestidos com pele de pumas, penas de condores ou de outros animais da mitologia andina. Os Panacas (líderes de clãs incas) e os Curacas (chefes tribais) levavam solenemente os Mallki (as múmias de seus ancestrais), que eram colocadas em pontos privilegiados, voltados para o nascente, para que assim pudessem presenciar toda a cerimônia. O cortejo era feito no meio de cantos solenes e danças, com todos descalços, menos o Sapa Inca. Ao chegarem na praça, ele tirava suas sandálias e parava voltado para o horizonte, em posição solene, esperando o nascer do sol. Todos o imitavam e, envolto pelas sombras, a multidão esperava com grande respeito e profundo silêncio a aparição do deus Inti. Segundo relata o Inca Garcilaso de la Vega, toda a população da cidade participava desse ritual; cerca de umas 100 mil pessoas.

Quando o sol surgia, todos o saudavam com a Muchay - sonoros beijos oferecidos com as mãos. E logo de colocavam de cócoras (posição de adoração) para entoar o wakay taky (canto solene), agradecendo pelas colheitas recebidas durante o ano. Expressavam sua gratidão a Inti que, com sua luz e sua virtude, criava e sustentava todas as coisas na terra. Começam cantando baixinho e iam aumentando de intensidade na medida em que o sol se erguia no horizonte, chegando ao clímax emocional e religioso pelo meio da manhã.

Nesse momento, o Sapa Inca tomava dois vasos de ouro – chamados akilla –, cheios de aqha (cerveja de milho), fabricada pelas Acllas (mulheres consagradas, as “Virgens do Sol”) especialmente para essas cerimônia. O vaso da mão direita era oferecido ao Sol... e derramado num canal dourado que ia da praça até o Templo do Sol, representando que o deus a bebia. A seguir o Sapa Inca bebia um pouco do vaso da mão esquerda e o passava aos nobres, para que todos brindassem ao Sol. Dessa forma, eles queriam “induzir” o deus Inti – que nesse momento estava no ponto de maior distanciamento da Terra – a voltar para seus filhos, abraçando-os e aquecendo-os de novo com seus raios, fecundando a terra e dando todo o bem-estar ao Tahuantisuyo - o reino dos seus filhos.

Por fim, o Sapa Inca, usando um bracelete côncavo de ouro polido concentrava os raios do Sol sobre um monte de palha e algodão até que ele se incendiasse em fogo novo. Havia, então, uma grande explosão de alegria, fogo era distribuído para todas as casas (e para os curacas levarem às suas comunidades). Numa monumental parada, com muito canto e dança, o Sapa Inca e o Intip Yanan levavam o fogo sagrado para o Qorikancha, onde seria conservado acesso pelas Acllas. Depois, o Sapa Inca se deveria consumir o Sanqhu (uma espécie de "pão sagrado", feito com farinha de milho e gotas do sangue de lhama sacrificada). Seu consumo era inteiramente religioso à maneira de uma hóstia cristã.

A partir daí, começavam os sacrifícios de lhamas e porquinhos-da-índia e todos se retiravam e continuavam festejando por vários dias, com muita diversão, músicas, danças, comida em abundância e muita chicha (cerveja de milho).

O último Inti Raymi com a presença do Sapa Inca, foi realizado em 1535, por Manco Inca.

Em 1572, o Vice-Rei Francisco de Toledo, a pedido da Igreja Católica, proibiu a comemoração, por considerá-la uma cerimônia pagã e contrária à fé cristã. O Inti Raymi, no entanto, continuou a ser celebrado clandestinamente nas pequenas comunidades rurais, até que, em 1944 um grupo de intelectuais e artistas cusquenhos, chefiados por Faustino Espinoza Navarro (que em 1953 fundaria a Academia do Idioma Quéchua), decidiu resgatar a cerimônia e apresentá-la como um espetáculo folclórico, destinado a toda a população de Cusco. A versão foi apresentada toda no idioma quéchua, com sua correspondente tradução ao castelhano para facilitar uma melhor compreensão para a maioria da população. A partir de então, o Inti Raymi voltou a ser celebrado no dia 24 de junho de cada ano, recuperando seu status de "Festival Ritual de la Identidad Nacional" e um símbolo da cultura nacional peruana, constituindo-se numa atração nacional e internacional.


Um comentário:

  1. AH!SE TODO POVO CELEBRASSE E ENTOASSE CÂNTICOS À SUA IDENTIDADE!!!!
    CULTIVASSE SUAS RAÍZES E VALORIZASSE A NATUREZA COMO PARTE SUA, SERIA BOM DEMAIS, NÃO É?
    GOSTEI MUITO DO ARTIGO E DA BELÍSSIMA E SUAVE MÚSICA. A TERRA , O SOL, A ÁGUA , TUDO ISSO DEUS NOS DEU PARA QUE VIVÊSSEMOS HARMONIOSAMENTE!
    DEUS É PERFEITO!!!!

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