segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O FENÔMENO HUGO CHAVES


Durante seu primeiro mandato, o presidente George W.Bush se preocupou apenas em como controlar o petróleo do oriente médio. Com o inverídico argumento de que o Iraque dispunha de armas de destruição em massa, os EUA invadiram aquele país e se atolaram numa resistência que vem assombrando os "falcões" da casa branca, entre os quais se pode citar a Secretária de Estado Condoleezza Rice.

Em seu segundo mandato, Bush filho decidiu olhar com mais cuidado para a América latina, tendo enviado no final de abril sua Secretária de Estado ao Brasil, Colômbia, Chile e El Salvador, a fim de cooptar aliados contra o Presidente Venezuelano Hugo Chaves. Sem uma verdadeira avaliação do que ocorre na Venezuela, tampouco no restante da Ibero-América, os EUA julgaram suficiente apoiar o golpe de Estado contra Chaves ocorrido em 2002, que veio a fracassar por causa da tecnologia. Os perpetradores do golpe controlaram a TV Estatal e as privadas, e fizeram um pronunciamento dizendo que Chaves havia renunciado, quando na verdade tinha sido sequestrado pelos golpistas, porém a TV a cabo deu a notícia de que Chaves não havia renunciado, mas estava preso em poder de golpistas. Então, o povo Venezuelano, imediantamente, saiu às ruas e começou a protestar, tendo inclusive cercado o palácio presindencial de Miraflores, exigindo a volta de Chaves. Os militares ao verem o povo ao lado do Presidente Chaves, prontamente deixaram de apoiar os golpistas. O resultado foi que o golpe fracassou, mesmo com o apoio dos EUA, tendo Chaves voltado ao poder aos gritos do povo, muitos em meio a lágrimas, cantando: "Voltou! Voltou! Voltou! Voltou!". Ademais, mesmo após o fracassado golpe, Chaves ainda se submeteu a um referendo popular para ver se continuaria no poder, tendo vencido os oposicionistas de forma legítima e contundente.

A verdade é que Washington está de olho é no petróleo venezuelano e reconheceu que errou ao deixar a América Latina de lado, tendo percebido tardiamente que não tem mais um títere à frente daquele país.

Os EUA estão agindo, por enquanto, diplomaticamente para isolar Hugo Chaves. Infelizmente o Brasil não está percebendo que sua liderança na Ibero-América está ameaçada, não pela Argentina, mas pela Venezuela, simplesmente pelo fato do Brasil estar em cima do muro. Os chamados "CB - Círculos Bolivarianos", que defendem o Presidente Chaves, principalmente contra a interferência estadunidense na Venezuela, estão se espalhando por todo o continente americano, já contando com mais de vinte CB nos EUA e Canadá inclusive; São Paulo e Rio de Janeiro já possuem fortes Círculos Bolivarianos. Ou o Brasil sai de cima do muro, ou perderá a liderança para a Venezuela!

O Brasil não pode agradar aos EUA e a Venezuela ao mesmo tempo! O Brasil precisa apoiar a democracia e o melhor conceito de democracia é o que afirma se tratar de um regime político em que o meio para constituir governantes é o voto popular, portanto tendo Chaves vencido as eleições e o referendo, qualquer argumentação contrária à sua legitimidade constitui apologia a golpe de Estado. É bom lembrar que até mesmo FHC proferiu declarações contrárias ao golpe contra Hugo Chaves.

A Venezuela só está passando para o lado de Cuba, porque o Brasil não se decide. Chaves sabe que precisa de aliados e a pusilanimidade da diplomacia brasileira o força a ir para o braços de Fidel Castro. Hugo Chaves não tem passado histórico de esquerdista. Ele tem um passado militar-nacionalista, tipicamente latino-americano, entretanto tem se posicionado à esquerda, repito, devido à carência de aliados. Quem tem acompanhado a Venezuela, tem percebido que o apoio popular ao Presindente Hugo Chaves, não só internamente, mas também por todo o continente tem sido crescente, principalmente mediante os "Circulos Bolivarianos" que vêm se espalhando pelo continente americano.

Portanto, cabe ao Brasil decidir: continuar como lacaio dos yankees ou ser protagonista de uma nova ordem latino-americana, baseada nos alicerces da democracia e da moderna tecnologia, capaz inclusive de levar ao fracasso os famigerados golpes de Estado.

Por MELQUISEDEC NASCIMENTO
Presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (AMAE)

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