No início poderíamos ser contados nos dedos das mãos, (dias difíceis aqueles, mas vencemos!), nossos ideais foi ganhando crédito, hoje, temos mais de 500 jovens acadêmicos indígenas no Estado de Mato Grosso do Sul, destes, 180 são do curso de ciências jurídicas, futuros operadores do direito e o número de acadêmicos continua crescendo.
É certo que temos grande oposição dos apadrinhados políticos, que insistem em nos desqualificar perante a opinião pública, cooptam alguns índios pseudo-líderes e os legitimam para servirem os seus intentos. São os "donos dos índios", que insistem em tentar nos desqualificar dizendo que não somos mais índios, tentam nos deslegitimar dizendo os índios são contrárias as nossas idéias.
Os ‘donos dos índios’, são alguns agentes do Estado que na maioria das vezes são nomeados pelos famosos padrinhos políticos, não tendo qualificação ou quando tem, não simpatiza com a causa indígena. Esses "donos dos índios" quando expomos nossos pensamentos em busca de soluções possíveis para as nossas aldeias, com o know how de quem vivencia e sente na pele os problemas, nos contestam porque tem medo de perder seus empregos (teta). Intitulam-se "especialistas em índios", donos do bem e do mal.
Uma verdadeira máfia de "protetores" se movimentam nos meandros da política nacional fundando ONGs, através da qual recebem dinheiro público para ações nas Aldeias que nunca chegam a seu destino; propõe a demarcação de milhões de hectares de terras, quando na verdade sabem ser totalmente impossível, servindo apenas para denegrir a já caótica imagem do índio junto à sociedade. Hoje, em pleno século XXI, querem nos impor a pecha de bugres, infiel, desordeiro e por fim agora até canibais.
Em todas essas ações, esses verdadeiros "Urubus" que vivem sobre a desgraça dos nossos povos, recebem sempre uma boa paga para perpetrar a destruição de nossa gente; são diárias, hotéis de luxo, honorários de "consultoria", "locação" de veículos, pagamento de "RPAs", "auxilio" financeiro etc e etc.
Aproveitam-se da ingenuidade de alguns índios, arregimentam grupos e os instigam a protestos descabidos em rodovias contra seus desafetos políticos, ou em propriedade que sabem, jamais serão dos índios.
Ignoram a declaração da ONU que diz: Art. 3º Os povos indígenas têm direito à livre determinação. Em virtude desse direito, determinam livremente sua condição política e perseguem livremente seu desenvolvimento econômico social e cultural.
Em nenhum momento nós os índios com formação ou em formação, fomos chamados a participar do processo demarcatório, que alias, já está enchendo! Nós os índios precisamos de ampliação de nossas Aldeias, sim! Todos sabem que estamos confinados em minúsculos territórios, mas daí, a cogitarem a demarcação de milhões de hectares, quando ao longo de mais de vinte anos não nos garantiram sequer a ínfima área do Nhanderú Marangatú ou do Lima Campo dentre outras.
Parece-me que propositadamente fizeram todo aquele alarde por ocasião do pleito eleitoral, com objetivo eleitoreiro e por "tabela" promover uma manifesta degradação do Índio junto à sociedade, é bom que se diga, nestes anos de luta pela demarcação após a Constituição de 88, 20 anos se passaram muitos lideres foram assassinados a tiros, perderam suas vidas como a rezadeira Churite Lopes de 70 anos, sonhando em um pedacinho de chão que pudesse legar aos seus descendentes.
Já os "especialistas" em índios, ongueiros, urubus, parasitas; nenhum deles perderam suas vidas ao contrário ganharam suas vidas R$ e, mas R$ constituíram da desgraça de nossos povos um negócio altamente lucrativo para suas proles. As regionais do Órgão tutor se transformaram em verdadeiros feudos, bem nas barbas de que tem o dever constitucional de nos defender.
Tenho sido duramente criticado, por alguns apadrinhados políticos, semi-analfabeto que posam de "doutores", pela minha insistente apologia ao meu povo. Senão vejamos: Sou nascido e criado na Aldeia Jaguapirú, onde resido, aqui estão vivendo meus pais; meus irmãos; meus tios; meus avós, que alias deram a vida pela demarcação desta aldeia; todos meus parentes afins e agora meus netos, e estes desavisados ousam a dizer que estão buscando a proteção do meu povo é muita petulância.
Esses "especialistas em índios" invadem nossas aldeias sem ser convidados, e passam a fazer experiências como se fôssemos ratos de laboratórios e, aí daquele indígena que ousar discordar dos seus intentos. Estes intrusos, a grande maioria está inserida nas políticas de governo nas três esferas. (existem agentes públicos bons embora raros, mas, estou falando dos maus). A sociedade organizada precisa nos ajudar a expurgar esses parasitas nocivos ao desenvolvimento das nossas comunidades!
Wilson Matos da Silva, para "O Progresso", Dourados-MS
Índio residente na Aldeia Jaguapirú, advogado, presidente da CEAI/OABMS (Comissão especial de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do MS)
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