Incas, Ianomamis, Tiahuanacos, Aztecas,
Mayas, Tupis, Guaranis, a sagrada intuição
das nações mais saudosas. Os resíduos.
A cruz e o arcabuz dos homens brancos.
O assombro diante dos cavalos,
a adoração dos astros.
Uma porção de sangues abraçados.
Os heróis e os mártires que fincaram no
tempo
A espada de uma pátria maior.
A lucidez do sonho arando o mar.
As águas amazônicas, as neves da
cordilheira.
O quetzal dourado, o condor solitário,
o uirapuru da floresta, canto de todos os
pássaros.
A destreza felina das onças e dos pumas.
Rosas, hortênsias, violetas, margaridas,
flores e mulheres de todas as cores,
todos os perfis. A sombra fresca.
As tardes tropicais, o ritmo pungente,
Rumba, milonga, tango, marinera,
samba-canção.
O alambique de barro gotejando a
luz ardente do canavial.
O perfume da floresta que reúne,
em morna convivência, a árvore altaneira,
e a planta mais rasteirinha do chão.
O fragos dos vulcões, o árido
silêncio do deserto, o arquipélago florido,
a pampa desolada, a primavera
amanhecendo luminosa nos pêssegos e nos
jasmineiros,
a palavra luminosa dos poetas, o sopro
denso e perfumado do mar, a aurora
de cada chuva reunidos na divina
origem do arco-íris.
Cinco séculos árduos de esperança.
De tudo isso, e de dor, espanto
e pranto, para sempre se fez, lateja e canta
o coração latino-americano.
terça-feira, 21 de junho de 2011
O CORAÇÃO LATINO-AMERICANO
De Thiago de Mello
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