que se levanta?
Para o inimigo de Cuzco horrível flecha que amanhece.
Por toda parte granizada sinistra golpeia.
Meu coração pressentia
a cada instante,
até em meus sonhos, assaltando-me,
em sono profundo,
a mosca azul anunciadora da morte;
dor interminável.
O sol torna-se amarelo, anoitece,
Nuvens do céu já estão ficando negras;
a mãe Lua, angustiada, com o rosto enfermo,
torna-se pequena.
E tudo e todos se escondem,
desaparecem, padecendo.
As lágrimas em torrentes, juntas,
se recolhem.
Que homem não cairá em pranto
por quem amou?
Que filho não há de existir
para seu pai?
Gemendo, dolente, coração ferido,
sem glórias.
Que pomba amante não dá seu ser
ao amado?
Que delirante e inquieto cervo selvagem
a seu instinto não obedece?
Lágrimas de sangue arrancadas, arrancadas
de sua alegria;
espelho vertente de suas lágrimas,
retratai seu cadáver!
Banhai todos, em sua grande ternura,
vosso regaço.
As nobres escolhidas se inclinaram, juntas,
todas de luto,
o Huillaj Umu se vestiu de seu manto
para o sacrifício.
Todos os homens desfilaram
para suas tumbas.
Mortalmente sofre sua tristeza delirante
a Mãe Rainha;
os rios de suas lágrimas saltam
sobre o amarelado cadáver.
Seu rosto está duro, imóvel.
Sob estranho império, acumulados os martírios,
e destruídos;
perplexos, extraviados, negada a memória,
sozinhos;
morta a sombra que protege,
choramos;
sem ter a quem ou aonde nos voltar,
estamos delirando.
Suportará teu coração,
inca,
nossa errante vida
dispersada,
pelo perigo sem conta
cercada, em mão alheias,
pisoteada?
Teus olhos que como flechas de felicidade feriam
abre-os;
tuas magnânimas mãos
estende-as;
e com essa visão fortalecidos,
despede-nos
Cântivo de Apu Inca Atawallpaman
clamando, contemplando a destruição de um mundo,
a desolação de um povo naufragado no descaminho e na escravidão.
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